O Presidente da República lançou esta sexta-feira a Campanha Agrária 2020-2021, no distrito de Cuamba, província do Niassa. Filipe Nyusi lamentou o facto de a campanha anterior ter sido afectada pelas calamidades naturais, pela pandemia da COVID-19, falou do que já foi feito e das acções em curso para aumentar a produção e a produtividade no país.
À sua chegada em Titimane, no posto administrativo de Etatara, o Chefe de Estado visitou uma exposição agro-pecuária, fez-se à machamba onde lançou sementes à terra. Afirmou que o Governo quer reforçar a aposta no sector familiar para alargar a base da produção agrícola.
Segundo o Chefe de Estado, a campanha agrária passada foi atípica por conta das restrições económicas impostas pela pandemia da COVID-19. A situação aumentou os desafios que o país tinha.
A pandemia surgiu numa altura em que o Governo trabalhava “para construir o que foi destruído pelos ciclones Idai e Kenneth”, entre Março e Abril do ano passado.
“Os dois ciclones, além de causar a morte de mais de 600 moçambicanos, destruíram 900 mil hectares de várias culturas e mataram ou dispersaram mais de 10 mil bovinos”, disse Filipe Nyusi.
A estes desafios, juntam-se os “ataques terroristas na região norte e os ataques” perpetrados pela “auto-proclamada Junta Militar da Renamo, na zona centro do país”, disse Filipe Nyusi, acrescentando que houve também chuvas e ventos fortes que afectaram muitas famílias e deitaram abaixo infra-estruturas públicas, “incluindo pontes e estradas”, e privadas.
Em meio a essas dificuldades, a campanha agrária 2019-2020, fechou com um crescimento económico de 3% e os “produtores mantiveram acesa a chama da esperança”.
Para a presente campanha agrária, serão contratados mais dois mil extensionistas, segundo o Presidente da República.
“Durante a campanha agrária 2020-2021, iremos levar ao debate a lei da agricultura que deve olhar para todos os factores que tenham impacto na produção, com relevo nas medidas de política económica que protejam e estimulem a produção nacional e a industrialização local da nossa produção”, afirmou Filipe Nyusi.
A partir da localidade que Titimane, no posto administrativo de Etatara, o Chefe de Estado garantiu que o Governo vai privilegiar investimento público, em áreas tais como “transferência de tecnologia, investigação, soluções financeiras e infra-estruturas”.
No âmbito da transferência de tecnologia, o Governo já iniciou o processo com a contratação de extensionistas.
A investigação, segundo Filipe Nyusi, está “orientada para o desenvolvimento de pacotes tecnológicos adequados à realidade de cada região agro-ecológica do nosso país. O lançamento das variedades de cultura insere-se neste novo princípio de pacotes tecnológicos, estando previsto, ainda durante a campanha em curso, o lançamento das culturas de gergelim e soja”.
“Na estruturação de soluções financeiras adequadas ao desenvolvimento do sector agrário, no âmbito do programa Sustenta, inscreveram-se cerca de 200 mil famílias e cerca de 3.750 produtores semi-comerciais”, prevendo-se que “o acesso ao crédito eleve o indicador nacional de financiamento à agricultura de 0.6% para cerca de 11%”, explicou Chefe de Estado.
O Governo está também focado na construção de infra-estruturas nas zonas de produção para, sobretudo, melhorar a transitabilidade no meio rural. Haverá aumento na área de aproveitamento dos regadios de baixo Limpopo e de Chókwè em cerca de sete mil hectares.
Com a criação de um fundo de estabilização de preços, solução que foi aplicada em regime experimental no algodão, houve aumento do número de produtores em 27% e crescimento da produção nacional em cerca de 70% na campanha 2019-2020.
“Apesar da nossa grande prioridade de prover meios aos nossos produtores, não deixaremos de reforçar a nossa capacidade institucional, consolidando os investimentos feitos no domínio de monitoria e avaliação, com destaque para a concretização do primeiro inquérito de base agrário, pela primeira vez com referência distrital”, disse Filipe Nyusi, ajuntando que o mesmo inquérito “vai conferir ao Estado e à sociedade estatística fiável para a planificação e tomada de decisões”.
“Projectamos o crescimento positivo de 30 principais culturas, com excepção do tabaco que terá um crescimento negativo por conta da redução global no consumo” do mesmo “influenciado pela pandemia da COVID-19. Essas projecções são sustentadas pela extensão a nível nacional do programa de integração das famílias”, esclareceu o Presidente da República.