O Instituto Nacional de Gestão de Risco de Desastres (INGD) está a assistir, actualmente, 200 mil pessoas em situação de insegurança alimentar, devido à seca que assola várias regiões do país.
O INGD já previa esse drama humanitário no seu plano de contingência, que espera que cerca de 3,3 milhões de pessoas sejam directa ou indiretamente assoladas pela seca, no quadro do fenómeno El Nino, previsto para esta época chuvosa e ciclónica (2023–2024), escreve a Agência de Informação de Moçambique (AIM).
A informação foi tornada pública há dias, em Maputo, pelo vice-presidente do INGD, Gabriel Monteiro, no âmbito das discussões sobre o engajamento comunitário para soluções duráveis no quadro de assistência aos deslocados em Moçambique, evento que conta com os parceiros das Nações Unidas, ANHCR e UN-HABITAT.
“Neste momento, podemos falar de 200 mil pessoas que estão em insegurança alimentar. Estamos a atender essas pessoas com tudo o que é necessário. Esperamos que não cheguemos à situação em que o país tenha de atender a 3,3 milhões de pessoas. Por isso, no mês passado, reunimo-nos com parceiros para encontrar soluções que mitiguem a seca”, salientou.
Para além de afectados pela seca, o INGD assiste deslocados, tanto derivados dos desastres naturais, como de insegurança em Cabo Delgado, zona Norte, numa altura em que os registos oficiais apontam para cerca de 1,4 milhões de pessoas nessa condição, dos quais, cerca de 70 mil necessitam de intervenção urgente do ponto de vista de assistência humanitária.
“Traçamos um plano de contingência nacional que tem a previsão de atender 2,9 milhões de pessoas, precisando de cerca de 14 mil milhões de Meticais. Não conseguimos ter esse valor, temos um défice de 7,5 mil milhões. Estamos a mobilizar esse valor e temos fé de que vamos baixar o défice”, disse.
Refira-se que o Governo enfrenta frequentemente pressões sobre os serviços básicos, as infra-estruturas e a oferta de habitação, por conta das tensões resultantes de conflitos e eventos meteorológicos extremos que exacerbam as fragilidades sentidas pelas pessoas mais vulneráveis.
Isso ocorre mais nas comunidades de acolhimento, forçando mais pessoas a viver em assentamentos informais ou em habitação inadequada, com consequências ambientais e tensões sociais associadas.
O cenário reforça a necessidade de fortalecer a ligação entre urbanização sustentável e soluções duráveis ao deslocamento, um dos objectivos do trabalho da UN-Habitat em Moçambique no seu plano estratégico e nos programas que está implementando, especialmente no Centro e Norte do país.
A abordagem da UN-Habitat em Moçambique prevê assistência técnica e apoio ao Governo, sociedade civil, comunidades acolhedoras e deslocadas e sector privado.