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Índice de pobreza disparou em Moçambique

O número de moçambicanos em situação de pobreza extrema terá aumentado entre 55 e 60 por cento desde 2015, ou seja, mais da metade da população é pobre, indica o Ministério da Economia e Finanças (MEF).

Depois de recuos substanciais entre 1996 e 2014, a taxa de pobreza em Moçambique disparou nos anos subsequentes, devido a crise económica que empurrou muitas famílias para indigência. 

Com base no índice de preços ao consumidor e dados do Inquérito aos Agregados Familiares sobre Orçamento Familiar de 2014/15, o Ministério da Economia e Finanças calcula que o custo de uma cesta básica pode ter aumentado entre 55% e 70% no período de 2014 e 2016, reflectindo-se na taxa nacional de pobreza que terá subido entre 55 e 60% nos anos seguintes.

Antes da crise, o índice de indigência situava-se nos 46,1%, ou seja, entre 10.5 e 11.3 milhões de pessoas em situação de pobreza absoluta, valores inferiores ao número de 12 milhões que registava-se entre 1996/97.

“Os resultados do nosso estudo fornecem elementos importantes para uma avaliação mais completa do impacto microeconómico da crise de 2015/16 e para uma análise da vulnerabilidade das famílias à mudança súbita de preços”, lê-se no mais recente relatório do MEF, consultado pelo “O País”.

Apesar do aumento do índice de pobreza, o relatório divulgado na página oficial do MEF, refere que os níveis de bem-estar da população moçambicana registam melhorias significativas, embora persistam desafios.

“Contudo, estes avanços não ajudaram na convergência dos níveis de bem-estar entre as zonas rurais e urbanas ou entre regiões geográficas, e ainda persistem diferenças muito substanciais nos níveis de bem-estar. As condições de vida no sul são muito melhores do que nas outras regiões, em quase a totalidade das dimensões de bem-estar consideradas e de acordo com todos os métodos”, indica.

POBREZA POR REGIÃO

Numa perspectiva regional, o Ministério da Economia e Finanças aponta que a redução da pobreza foi rápida nas províncias do sul, onde a taxa diminuiu cerca de 18 pontos percentuais, com destaque para a província de Maputo. As reduções foram significativas, mas menos rápidas, no centro onde as taxas recuaram cerca de 11 pontos percentuais. 
Em jeito de conclusão, a avaliação refere que ao longo das últimas duas décadas, Moçambique alcançou progressos significativos em ordem ao seu desenvolvimento. 
O relatório mostra também que grandes diferenças permanecem entre grupos socioeconómicos e áreas geográficas, em termos de bem-estar, tendo a tendência sido de manutenção ou mesmo crescimento dessas diferenças.
 
Em geral, desigualdade e as diferenças espaciais aumentaram. “Daqui decorre a necessidade imprescindível de políticas equilibradas do ponto de vista espacial, económico, infra-estrutural e social, tanto numa perspectiva do bem-estar como na perspectiva da economia política”, realça.

O relatório foi produzido no âmbito do Programa Crescimento Inclusivo em Moçambique: Reforçando a Investigação e as Capacidades (IGM), implementado em parceria entre a Direcção de Estudos Económicos e Financeiros (DEEF) do Ministério de Economia e Finanças e o Centro de Estudos de Economia e Gestão (CEEG) da Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane. 

O Programa IGM é financiado pela Dinamarca, Finlândia e Noruega. O próximo relatório sobre a pobreza e bem-estar em Moçambique, está previsto para 2021.

 

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