O guitarrista Jimmy Dludlu acaba de colocar à disposição dos seus fãs e ao mundo um novo álbum intitulado “In the Groove”. Mas apesar de ser um leigo no que à música diz respeito, vou me atrever a fazer uma breve incursão por este albúm. A começar pelo primeiro tema intitulado Masseve (compadre). Nesta música, Jimmy socorre-se ao cancioneiro popular para celebrar o compadrio, com enfeites de acordes do jazz, como só ele sabe fazê-lo.
No segundo tema, Jimmy resgata e presta tributo ao célebre Alberto Machavela, recordando a todos que, apesar dos títulos que possamos ostentar, da riqueza e importância social, temos uma dívida e a morte à espreita, com o título Ha Deva (Temos dívida). Mas a morte não é motivo para deixar de celebrar, com a expressão Waretwa da sua língua materna o XiChopi, o guitarrista volta à celebração dando indicação de o quão a vida é bela e doce…
As atribulações da vida não significa que devemos ficar na rotina. É o que nos propõe na música que dá nome ao álbum. Por isso temos de tornar cada fim de semana especial e essa mensagem foi buscar à famosa Weekend Special de Brenda Fassie que ganhou uma versão em smooth jazz e com a belíssima voz de Judith Sephuma a servir de cereja no topo do bolo.
Mas o fim de semana não pode ser especial se nos esquecermos da grandeza de Jesus e num jazz que foge um pouco das características de um gospel, Jimmy enaltece a grandeza do Filho de Deus que é fundamental para a nossa restauração espiritual proposta na música a seguir e que nos habilita a percorrer a longa estrada que é a vida em Long Street. E essa estrada leva alguns à paragem de chapas de Saul. Ali, no prolongamento da Av. Vladimir Lenine, na rota Baixa-Xiquelene. Quem não conhece a confusão ali criada pelos chapas? Agora ficou eternizada numa música de jazz com mistura de quizomba/semba.
Mas prontos, vencida a guerra dos chapas e chegados a casa, vale a pena brincar de Mu Tumbelelwana (esconde-esconde) para esquecer as atribulações da vida. Esta é a proposta de Jimmy Dludlu. Mas será que as novas gerações conhecem esta brincadeira? Mas vale a pena recorda-lhes. E no Mu Tumbelelwana quem consegue descobrir os que estão escondidos celebra a sua vitória com um Nkulungwana. Essa forma nossa de exteriorizar a alegria em todos os momentos alegres ganha uma música neste álbum.
O Nkulungwana também usamos para exaltar o nosso patriotismo e Jimmy Dludlu faz isso ao exaltar as Cores da Sua Bandeira. Aqui o músico busca excertos do discurso de Samora Machel que se insurge contra os parasitas que corroem o Estado levando o povo ao descontentamento, um discurso bem actual, mas também lembra um dos cânticos revolucionários em swahili que diz que apesar das adversidades, venceremos.
E aí poderemos todos agradecer a Deus. Em Khensani (louvai) com os préstimos da lindíssima voz de Isabel Novela “ jazzfica” o cântico popular e religioso de acção de graças a Deus pelas bênçãos que nos dispensa. E isso faz-nos olhar como belo é tudo o que temos ao nosso redor. É por isso, que em Woza Sthando Sami, Jimmy nos convida a contemplar a beleza das nossas amadas (os). E com esta incursão pelas emoções e vivências não há como não dar um passo a frente em todos os sentidos da vida. É assim como Jimmy Dludlu termina este álbum com a música One Step Ahead, um jazz puro misturado com acordes de rumba de lá das bandas de Cuba. De facto Jimmy Dludlu deu neste álbum um passo à frente, afinal, celebra este ano 50 anos de vida.