As ambulâncias começaram a circular depois das 12 horas desta segunda-feira, e os serventes não foram trabalhar. Já no Centro de Saúde da Matola “C”, há médicos e enfermeiros, mas não atendem aos pacientes.
Uma jovem de 23 anos de idade encontrava-se deitada nos bancos da maternidade do Hospital Provincial da Matola, porque sentia contracções, mas recebeu a informação de que deveria voltar para casa porque ninguém faria cesariana.
“Primeiro, disseram-me que não estão a atender porque há greve, depois nos mandaram esperar, porque iam atender-nos, chamaram-na (a filha dela com dores) e disseram-lhe que ainda não era o tempo de dar à luz, mas podia ir ao Hospital Central [de Maputo]. Contudo, levaram 100 Meticais de consulta. Assim, estamos à espera de transporte”, contou a mãe da jovem.
Insatisfeita com a situação, chamou o mototáxi, vulgo txopela, para seguir até ao Hospital Central de Maputo, onde espera dar à luz.
Uma outra gestante, de nome Sandra Lucas, que tinha consulta para observações no útero, foi mandada para casa. A uma outra paciente, foi dito que não havia, hoje, atendimento.
Alberto Achar estava no Hospital Provincial da Matola desde as 4h desta segunda-feira para acompanhar um colega vítima de acidente de viação. A ambulância só apareceu depois das 12 horas para transferir o seu colega.
Uma anciã foi ao hospital para saber se tirava ou mantinha o gesso, mas ninguém estava lá para dar a resposta certa. No recinto do hospital, coxeava com inúmeras perguntas e menos respostas.
“Foi-me dito que hoje (segunda-feira) não atendem porque há greve, não há médicos”, lamentou.
A médica-chefe de Saúde na Província de Maputo dá o ponto de situação das 116 unidades sanitárias da província: “Nós, realmente, temos registo de algumas ausências, há efectivos, mas não naquele número que estamos habituados. Por conta disso, estamos a priorizar o atendimento de acordo com a urgência. Então, aqueles casos, aquelas consultas que podem esperar, estamos a fazer remarcação e estamos a atender àqueles casos graves”.
No Centro de Saúde da Matola “C”, idem, até estavam, hoje, enfermeiros e médicos, incluindo estagiários, entretanto não atendiam aos doentes. Uma das funcionárias do Centro de Saúde interveio para dizer que havia atendimento, o que suscitou reacção, de repúdio, dos pacientes.
“É assim, nós estamos a fazer um esforço para prover os serviços, mas pode haver aproveitamento por parte de alguns colegas e vamos averiguar. Se isto estiver a acontecer, vamos tomar as devidas medidas”, garantiu a médica-chefe da Saúde na Província de Maputo.
A Província de Maputo conta, neste momento, com o apoio de médicos das organizações não-governamentais, outros provenientes da Polícia e do Exército.