Hélder Martins encoraja os jovens a serem insubmissos a injustiças e a exigirem soluções para os problemas do país. O especialista em saúde pública fez as declarações esta terça-feira, no evento de lançamento do seu oitavo livro.
“Crónicas dum insubmisso” é o nome que Hélder Martins dá à sua obra. Médico desde 1961 e depois de mais de quatro décadas de dedicação ao Serviço Nacional de Saúde, o autor decide desconstruir e questionar parte da história de Moçambique, que considera factos distanciados da verdade.
Com mais de 400 páginas, o livro “Crónicas dum insubmisso” tem como principal objectivo despertar nos jovens a luta pela justiça e pelas verdades difíceis de serem aceites.
“No tempo colonial, o problema principal que nos afectava era o colonialismo e tudo o que dele resultava – o racismo, a injustiça social. Nós lutámos, lutámos contra isso. Hoje, há outros problemas, e é preciso que os jovens de hoje também sejam insubmissos, também queiram lutar pela justiça. Se alguma coisa é contra a justiça, então eles devem estar contra, devem ter coragem de assumir as posições correctas e lutar pela solução dos problemas, hoje temos muitos problemas”, explicou Hélder Martins.
O evento decorreu, segundo Martins, esta terça-feira, dia 25 de Abril, e não por acaso. É que nesta data, há 10 anos, era fundada a Associação do Médico Escritor e Artista de Moçambique. Exactamente por isso, a cerimónia bastante concorrida juntou, no anfiteatro da faculdade de Medicina da UEM, médicos escritores e artistas, académicos e outras individualidades moçambicanas, como a académica Teresa Cruz e Silva, que apresentou a obra, bem como Luís Bernardo Honwana, seu amigo e escritor, que descreveram Hélder Martins como dono de uma opinião incisiva.
“Independentemente de os leitores estarem de acordo ou não com algumas análises de Hélder Martins e das suas metodologias de análise, os seus textos e memórias passadas reflectem a personalidade que ele classificou de insubmisso e sempre caracterizou as suas formas de expressão com uma linguagem muito directa e um posicionamento sempre frontal com os temas que retrata. Uma leitura atenta à forma como os textos foram seleccionados faz exaltar a existência de uma íntima relação entre a história e a memória, da mesma forma que nos leva a reflectir sobre o impacto que o presente exerce na busca pelo passado”, referiu a professora Teresa Cruz e Silva.
“Esta é uma qualidade do Professor Hélder Martins, este título que vem na capa do livro dele: a palavra insubmisso. Ele dá-se às coisas, ele dá-se aos assuntos em que está metido, com todo o entusiasmo, de uma forma tal que lhe fez ter poucos amigos, mas felizmente ele continua assim”, reiterou o escritor Luís Bernardo Honwana.
Hélder Martins foi funcionário sénior da OMS, como também docente em Saúde Pública em vários países. Tem vários Diplomas de Mérito e condecorações, uma das quais em Doutor Honoris Causa em Ciências da Saúde e Educação.
Hélder Martins nasceu em Maputo, em 1936. Em 1953, foi estudar Medicina em Lisboa, onde se formou em 1961. É co-fundador da Frelimo. Participou na Luta de Libertação Nacional, tendo sido director dos serviços de saúde da Frelimo. No imediato pós-Independência, foi ministro da Saúde durante 5 anos.