O País – A verdade como notícia

HCM opera 300º paciente com uma doença severa no coração

Foto: O País

O Hospital Central de Maputo (HCM) realizou, ontem, a operação de coração aberto da paciente número 300, desde que este tipo de cirurgias se iniciou, em 2008, naquela unidade sanitária.

A cirurgia de coração aberto é uma operação em que o tórax é aberto e o coração é deixado exposto. E foi isso que aconteceu com a paciente da operação número 300, de 36 anos de idade, que tinha o seu coração doente e sua vida afectada por conta da doença. Ela cansava-se facilmente, já não conseguia fazer seus trabalhos de rotina e, quando procurou o hospital, foi diagnosticada, pelo serviço de cardiologia, uma doença severa no coração.

Segundo o cirurgião cardiovascular torácica, Atílio Morais, a doença afecta uma válvula que compõe o coração, denominada “válvula mitral”, que foi causada por sequelas de infecções nas gargantas, designadas “doenças reumáticas”, não bem tratadas, ou que foram, mas houve alguma resistência aos antibióticos que fizeram com que a infecção saísse da garganta e infectasse as válvulas do coração.

“Nesta operação, prevíamos guardar a válvula, faríamos gestos cirúrgicos muito específicos para preservar o que chamamos de ‘plastia mitral’. Mas, quando abrimos, vimos que a válvula estava muito mais afectada do que vimos na ecografia”, explicou o médico.

Por isso, em vez de a substituir por uma prótese, foi colocada uma nova válvula mecânica, que custa cerca de dois mil dólares (cerca de 130 mil Meticais). A válvula, comprada pelo Governo, conforme clarificou Atílio Morais, funciona por um período de 25 a 30 anos, mas o paciente deve tomar, para o resto da vida, medicamentos anti-coagulantes para o sangue não coagular quando entra em contacto com o objecto colocado.

Devido à complexidade, a cirurgia dura, em média, cinco a seis horas. Nesse intervalo, o coração do paciente é aberto e deixa de funcionar. Para o caso da paciente número 300, a operação foi feita dentro do tempo previsto. De seguida, o coração foi fechado e voltou a funcionar normalmente.

“Geralmente, recebemos entre 60 e 70 pacientes por ano aqui, no HCM, e operamos até 30 pacientes, mas a ambição do hospital é chegarmos a 100 operações por ano”, esperançou e acrescentou que existem, no país, apenas duas unidades sanitárias, sendo que o HCM é o único hospital público que realiza este tipo de operações.

As cirurgias são custeadas pelo Governo, através do Ministério da Saúde, e com o apoio de dois parceiros. Cada cirurgia custa, em média, 10 a 15 mil dólares (650 a 975 mil Meticais). “Esse valor inclui as próteses colocadas no coração, que custam dois mil dólares, incluindo a anestesia que é muito cara, o material e os profissionais envolvidos. Nos países desenvolvidos, varia entre 30 e 35 mil dólares. Antes de o HCM começar a operar, o Estado gastava entre 20 e 30 mil dólares por paciente para operar fora do país”, avançou Morais.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos