Foram milhares de quilómetros percorridos, por pessoas com experiências e ideias diferentes, foram milhões de meticais consumidos. Marcaram-se muitos golos, não tantos quantos os desejáveis e até expectáveis, mas aconteceram jogadas e momentos dignos dos maiores estádios do mundo.
Nas bancadas, viveram-se emoções ao rubro, com abraços e afectos, novas amizades e conhecimentos, propiciadores de ideias para novos negócios. Os vendedores formais e informais, foram fazendo os seus negócios.
É o Moçambola, a maior competição futebolística interna, que chegou ao fim, nesta temporada, com ganhos difíceis de quantificar e até qualificar.
PASSOS A DAR
Com o mesmo ou com um novo figurino, algo mais poderia e deveria ser projectado nas componentes da recolha, troca e transmissão de experiências e conhecimentos, pois nessas perspectivas e tendo em conta até o investimento, o saldo é negativo.
Vejamos alguns factos: metade das 16 equipas, semanalmente na condição de visitante, movimentam 20 jogadores e técnicos, mais os dirigentes e pessoal de apoio, qualquer coisa como 30 elementos, o que totaliza 240 pessoas. Elas viajam e aterram em vários lugares do país, para alguns totalmente desconhecidos.
A pergunta é: o que lá deixam (ou levam), para além dos pontapés na bola e queixas das arbitragens?
Por serem adversários, antes dos jogos torna-se aceitável que procurem resguardar conceitos e outros trunfos, dos adversários. Mas porque não se verificam contactos em áreas sociais e do conhecimento, focados nos benefícios da troca de ideias e conceitos a serem partilhados, sem que isso interfira na competitividade que se pretende?
Faltam visitas a locais de interesse histórico, político e social, contactos com culturas, hábitos e formas de vida diferentes das do seu dia-a-dia. Elas trariam um enriquecimento cultural grande aos componentes de cada delegação, algo que nem todos podemos alcançar, pela dificuldade de nos deslocarmos pelo país, com a facilidade que o Moçambola proporciona aos seus protagonistas.
De premeio, palestras envolvendo treinadores, médicos, massagistas e dirigentes, claramente “mais valias” que justificariam e “dariam força” ao investimento.
Agora que a época terminou, seremos bem capazes de ver clubes, a gastarem valores avultados para que técnicos envolvidos no Moçambola se desloquem para locais onde já tinham estado, a fim de darem cursos ou palestras!
É incompreensível, mas real, que há jogadores que se deslocaram a várias províncias, várias vezes, mas acabam por voltar sem os conhecimentos básicos das danças, iguarias ou hábitos culturais desses locais. Faz sentido?
Disse o Presidente Nyussi que o Moçambola é um factor importante de unidade nacional. Por isso, importa reforçar esse papel, indo para além dos muitos pontapés na bola fora de casa!