Mais de seis mil escolas não têm acesso a infra-estruturas de saneamento e higiene no país. O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano diz que o problema aumenta a taxa de desistência escolar da rapariga.
Dados divulgados, esta sexta-feira, em Maputo, durante uma mesa-redonda sobre o acesso à água, ao saneamento e à higiene nas escolas de Moçambique, apontam que 69% das escolas não têm acesso à água potável, apenas 47% têm acesso a saneamento básico e 15% a serviços de higiene.
Por isso, o que caracteriza os sanitários de várias escolas são sanitas entupidas, cheiro nauseabundo e o chão coberto de urina.
Além disso, no interior, não há torneiras para lavar as mãos e, em alguns casos, até há, mas o precioso líquido não jorra há dias. E porque falta água, o cenário é o mais desagradável possível.
Há difícil acesso aos serviços de higienização e de saneamento, um atentado à saúde dos alunos e motivo de desistência escolar de algumas raparigas.
“O nosso propósito é assegurar que as crianças acedam à escola e permaneçam. Além da água e saneamento, há vários outros factores relacionados ao problema e o que temos feito é criar condições para que acedam à escola”, disse Abel Fernandes de Assis, secretário permanente do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH).
A instituição disse que o problema afecta todo o país e é mais crítico nas escolas primárias. Dos mais de 13 mil estabelecimentos de ensino, mais da metade, ou seja, 8970 não têm acesso à água potável.
“Há muitos outros que não têm acesso a sanitários e a produtos de higiene. Não há sistemas para a lavagem das mãos e isso pode contribuir para doenças e afectar a saúde escolar”, explicou Adam Garley, director nacional da WateAid Moçambique.
Apesar destes problemas, há escolas como a Primária de Mikajuine, por exemplo, que, através da água de baldes, procuram manter a casa de banho limpa.
A eclosão da COVID-19 contribuiu para a construção de cerca de 700 infra-estruturas de saneamento e abastecimento de água, segundo o director nacional de Abastecimento de Água e Saneamento, Raúl Muthevue.
“Precisamos de trabalhar muito mais, principalmente na componente de mobilização de recursos financeiros, pois, a nível de orçamento, temos algumas limitações”, referiu Muthevue.
Com vista a buscar soluções ao problema da falta de água potável e de saneamento nas escolas, o Ministério da Educação e a Direcção Nacional de Abastecimento de Água reuniram-se, esta quinta-feira, com parceiros de cooperação.