O País – A verdade como notícia

Há falta de comida no Hospital Geral José Macamo

Pacientes internados no Hospital Geral José Macamo dizem estar a passar fome. As refeições chegam tarde e em quantidades reduzidas.

A denúncia chegou ao “O País” através dos funcionários da unidade sanitária, que contaram que a situação se agravou, na última semana, com a redução da quantidade de açúcar e o corte do pão no chá.

Disseram que há pacientes cujo chá e papa, feita à base da farinha de milho, chegam sem açúcar. O jornal “O País” visitou o hospital para aferir a denúncia e, dos pacientes, a queixa era a mesma; até numa conversa entre duas pacientes que estavam internadas.

“A comida daqui nem agrada”, dizia uma e a outra respondia: “O problema é que não põem sal e eu preciso de consumir muito sal por causa da minha doença, mas o pior é o chá e a papa… não põem açúcar”.

A última vez em que tomaram chá foi na quinta-feira e uma delas pediu aos seus familiares para providenciarem um termo e açúcar para poder dividir com as suas colegas.

Escapa quem tem familiares que visitam, mas os que não têm, tal como João, nome fictício de um doente que está internado desde domingo, passa mal.

“O pequeno-almoço só chega por volta das 08h ou 09h, enquanto acordamos às 05h para medicar. O nosso corpo fica sem forças e, assim, é difícil melhorar. Morremos à fome, jantar servem às 16h, enquanto tomamos medicamentos às 21h e temos a refeição subsequente no dia seguinte às 08h”, reclamou o paciente.

As queixas vão mais longe, outros disseram que “pelo menos eu, desde que cheguei no domingo, só como, no almoço, feijão e, no jantar, peixe. Se alguém me visitasse, eu não comeria isto, mas não tenho opção; o meu organismo já não aguenta…”

Disseram que as quantidades da comida também são reduzidas. Quem tem um acompanhante deve dividir o seu prato de comida.

O pão é dividido para quatro pessoas e, assim, as refeições não matam a fome. Os funcionários disseram que já questionaram os motivos e a resposta foi clara: há falta de comida no Hospital José Macamo.

“O meu doente comia, mas já não aceita comer feijão e peixe; sinto que só está a piorar, porque só come de manhã. Se eu tivesse familiares aqui, em Maputo, a situação estaria melhor”, desabafou a mãe de um paciente internado.

Sem gravar entrevista, a Direcção do Hospital José Macamo reconheceu que está a passar por problemas financeiros e está a tentar criar condições, para que os funcionários, na escala, e os doentes internados tenham o que comer.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos