Vive-se uma crise de confiança em Moçambique, sobretudo em relação às instituições do Estado. O alerta é de analistas, que sugerem estudos específicos para compreender melhor o problema.
Não é de hoje a denúncia de falta de confiança nas instituições do Estado no país. Porém, nos últimos dias, essas reclamações subiram de tom, e o principal alvo têm sido as instituições ligadas à justiça.
Em menos de um mês, foram três as intervenções de membros da Comunidade Islâmica, principal grupo afectado pela onda de raptos no país. O grupo reclamou da falta de soluções para o problema, mas, sobretudo, da “falta de vontade” por parte das autoridades de justiça para estancar o fenómeno, o que gerou insegurança e desconfiança.
Além disso, falta confiança até nas instituições financeiras, facto que tem incentivado alguns empresários a manterem elevadas somas de dinheiro fora do sistema bancário nacional.
O comentador Hélder Jauana não tem dúvidas de que se vive uma crise de confiança no país, e com sérias consequências. “Cria-se uma situação de caos total, mas a sociedade, qualquer que seja, democrática ou não, faz-se de confiança. Quando não há confiança, tu tens uma situação que vai gerar um Estado de natureza, em que o mais forte vai fazendo e desfazendo, vai humilhando, vai tirando tudo o que pode e aquele que é mais fraco sucumbe.”
Jauana entende que uma das saídas para que se saia da crise passa por reconhecer a existência da crise, para depois resolver o problema, e este deve ser o papel do Governo.
O também comentador Borges Nhamirre acrescenta que fazer estudos para medir o nível de satisfação e confiança nos moçambicanos também pode ajudar a resolver o problema da confiança entre quem governa e quem é governado.
“O Governo deve assumir o problema e instituições como o INE deve tomar a dianteira e fazer estudos para ver qual e o nível de confiança que há no ensino superior, qual e o nível de confiança que o mercado tem com estudantes formados no ensino superior público em Moçambique, qual é o nível de confiança que o cidadão tem na saúde pública convencional, até para garantir que as pessoas vão ao hospital quando estão doentes e não recorram a medicina tradicional”, explicou Nhamirre.
Os comentadores falavam no programa Noite Informativa desta segunda-feira.