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“Há acções externas que visam minar liderança da Frelimo”

Filipe Nyusi disse, hoje, que o terrorismo é desencadeado por inimigos externos da Frelimo. No seu entender, os insurgentes querem tirar a Frelimo da liderança do Estado moçambicano. Falando a líderes das organizações sociais do seu partido, o presidente da Frelimo exigiu foco para não ceder aos inimigos, entre os quais terroristas.

Num ano do 12º Congresso e 60º aniversário do partido Frelimo, as três organizações sociais fizeram uma refrescada nos seus secretariados, através de eleições internas. Hoje, Filipe Nyusi, presidente da Frelimo, conduziu a aula inaugural de uma série de seminários de integração dos membros dos secretariados das organizações sociais.

Recuou para falar da génese das três organizações, nomeadamente, a Organização da Mulher Moçambicana (OMM), Organização da Juventude Moçambicana (OJM) e Associação dos Combatentes de Luta de Libertação Nacional (ACLLIN); mas também falou do seu papel, hoje, para garantir vitória ao partido nas próximas eleições.

Entre os desafios que se impõem, está o terrorismo na região Norte do país. Porém, este mal não vem só. Surge num pacote de desafios decorrentes das alterações políticas introduzidas pela Constituição da República de 1990, redigida no fim da guerra dos 16 anos. Esses desafios, segundo Nyusi, são divididos em internos e externos.

A nível interno, “impõe-se a necessidade de continuarem focados na agenda das organizações que dirigem e do partido”. Isto porque, segundo Filipe Nyusi, “a competição multipartidária transporta consigo grandes desafios, quer a nível interno do partido, quer nos pleitos que envolvem outros partidos”.

Mas não é só isso, “a liberalização económica e adopção da economia de mercado levou alguns a esquecerem-se da missão principal de defender os interesses do partido e do povo, o nosso verdadeiro patrão, passando a preocupar-se mais com agendas pessoais e de certos grupos”.

Enquanto isso, “a nível dos actores externos, também se verificam acções que visam minar a permanência do nosso glorioso partido na liderança dos destinos dos moçambicanos”, começou por dizer Nyusi, para, depois, revelar que “porque a onda manifestações e outras tentativas de criar desordem, com instrumento político, nunca surtiram o efeito de enfraquecer a Frelimo e o povo, os nossos inimigos montaram a agressão terrorista”.

Sobre isso, o Presidente da Frelimo desenvolveu um pouco mais, trazendo dados históricos que, segundo ele, ligam o terrorismo a um suposto objectivo de tirar o partido do poder.

“De certeza, não foi mero acaso que as acções terroristas se iniciaram a 5 de Outubro de 2017, exactamente no dia em que terminava o 11º Congresso da Frelimo, que foi um grande sucesso no fortalecimento do partido, na reafirmação da nossa agenda pela unidade, paz e desenvolvimento. Quando nós estávamos a bater palmas de sucesso do nosso congresso, o terrorismo estava a dar o seu primeiro sinal”, lembrou Nyusi.

Desde então, passaram cinco anos. Hoje, Filipe Nyusi voltou a garantir que há um enfraquecimento gradual dos terroristas em Cabo Delgado. Isso acontece num contexto em que o país lidava com instabilidade no Centro, protagonizada pelo então líder da auto-proclamada Junta Militar, Mariano Nyongo. O facto faz Nyusi entender que os ventos de paz sopram pelo país inteiro.

“Os desenvolvimentos no Teatro Operacional Norte juntam-se ao ambiente de retoma da paz e da tranquilidade na zona Centro, com o fim da auto-proclamada Junta Militar da Renamo, decorrendo, num ritmo encorajador, o processo de desarmamento, desmobilização e reintegração… naturalmente as Forças de Defesa e Segurança continuam atentas e vigilantes no Centro do país.”

Para vencer os inimigos do partido, Filipe Nyusi disse ser fundamental o papel das organizações sociais da Frelimo. Nisso, o presidente da Frelimo destacou características imprescindíveis para um líder dos braços do partido: “sem ego, determinado, estimulador de progresso, sentido de missão, cultura de disciplina duradoura, uso das Tecnologias de Informação e Comunicação”.

E mais, “um dirigente não deve agir por presunção. Deve ser por compreensão… ‘presumo que…’, não! Tem de compreender com fundamentos e argumentos. Se não fizerem isso, vão começar a assassinar os nossos colaboradores. O facto de alguém berrar, não quer dizer que não seja nosso, entre aspas, é preciso compreender as pessoas”, disse Nyusi.

Ademais, Filipe Nyusi diz que, nos últimos tempos, trocar de dirigentes não tem sido a tónica do partido. “Há uma certa consistência para mantermos a linha. Agora, se é a pessoa, desembarca”… e ouviram-se gargalhadas e risos na sala, onde estavam membros seniores do partido e das três organizações sociais.

Nyusi voltou a pedir que os camaradas não se agitem na luta pela liderança. “Não façam esforço para mostrar que têm capacidade, até porque, vocês, para serem eleitos, não precisaram de fazer esforço”.

Os seminários de integração dos membros dos secretariados das organizações sociais do partido terminam amanhã e lá serão ministrados temas ligados à organização interna do partido.

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