A Folha de São Paulo, um dos jornais de maior circulação do Brasil, publicou, ontem, um artigo em que revela que o Governo de Moçambique não pagou duas parcelas do financiamento que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social) deu para a construção do aeroporto de Nacala, obra concluída em 2014.
De acordo com o jornal brasileiro, o prejuízo está em pouco mais de 15 milhões de dólares norte-americanos, mas pode aumentar.
O total do empréstimo concedido é de 125 milhões de dólares. O BNDES não informou o saldo devedor.
Como a operação teve aval do Fundo de Garantia à Exportação, o tesouro, que administra o fundo, foi accionado para ressarcir o BNDES, e o prejuízo sobrou para o contribuinte.
O artigo faz menção a “um calote em Moçambique e uma difícil negociação em Angola”, que “mostram os riscos aos quais o Brasil ficou exposto com a estratégia de apoiar projectos de empreiteiras no exterior, que ganhou impulso no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.
Há que lembrar que o Estado moçambicano enfrenta dificuldades financeiras na sequência da suspensão do apoio externo ao orçamento. Por causa disso, em Janeiro falhou o pagamento de uma prestação da dívida da EMATUM (Empresa Moçambicana de Atum), em cerca de 60 milhões de dólares, e em Março falhou o pagamento de 119 milhões de dólares referentes a uma prestação da dívida da Proindicus.