Cinco dias depois da assinatura do acordo de cessação definitiva das hostilidades militares, o Presidente da República e o líder da Renamo assinam amanhã em Maputo o acordo de paz efectiva e reconciliação nacional.
O acordo que será assinado na Praça da Paz é o terceiro entre o Governo da Frelimo e a Renamo.
O primeiro foi assinado a 4 de Outubro de 1992, na cidade de Roma, capital da Itália. Joaquim Chissano, então Presidente da República, e Afonso Dhlakama, líder da Renamo, assinam o Acordo Geral de Paz, que punha fim a 16 anos de guerra civil, que entrou na história como uma das mais longas e sangrentas do mundo.
Assinado no final de vários anos de conversações, o acordo previa, de entre outros aspectos, a desmobilização dos homens armados da Renamo e a formação de um exército único, que incluía elementos provenientes do então movimento rebelde.
No início de 1993, entraram em cena as Nações Unidas, para supervisionar a implementação do Acordo de Roma, sobretudo, a parte de desmobilização da Renamo, e a integração de homens da Renamo no exército, polícia e na sociedade. Contudo, este processo não foi conclusivo. A desmobilização foi parcial.
A Renamo manteve parte dos seus homens armados. Justificava a medida com a necessidade de protecção das estruturas do partido, mas manteve outros aquartelados em algumas posições, com destaque para Gorongosa, o seu quartel-general.
Depois de Roma, o País viveu dez anos de paz quase efectiva, não fosse as reivindicações que a Renamo vinha levantado, acusando o governo de incumprimento de algumas cláusulas do acordo. A esta questão, a Renamo veio juntar reivindicações de fraudes eleitorais e marginalização dos oficiais que incorporados nas FADM.
Desde então, ano após ano, a tensão política vinha subindo de tom até chegar ao nível de confrontos militares, até que no dia 5 de Setembro de 2014, Armando Guebuza, então Presidente da República, e Afonso Dhlakama, líder da Renamo, assinaram um acordo para o fim das hostilidades.
O acordo de Maputo era uma reedição do Acordo de Roma. Previa a desmilitarização completa da Renamo, a inclusão de alguns oficiais nas FADM e na Polícia e na sociedade. Este acordo também morreu no papel.
A tensão político-militar voltou a subir de nível. Novas rondas e modelos de diálogo político foram implementados desde 2015, culminando com o acordo de cessação definitiva das hostilidades no passado dia 1 de Agosto corrente.
Nesta terça-feira, dia 6 de Agosto, o governo e a Renamo vão assinar o terceiro acordo de paz, esperando-se que a terceira seja de vez.