O Governo reafirma que a transformação digital do sector financeiro é decisiva para o crescimento económico e a inclusão social. Dados recentes indicam que a percentagem de adultos com conta bancária passou de 25,1%, em 2015, para 33%, em 2024, enquanto o uso de carteiras de moeda electrónica cresceu de 23,1% para 109,3% no mesmo período.
No mercado de capitais, a Bolsa de Valores de Moçambique passou a representar 29,5% do PIB, contra 7,8% em 2015, reflectindo maior dinamismo e novas alternativas de financiamento da economia. Quanto às remessas internacionais, o país recebeu 544,8 milhões de dólares em 2022, um crescimento expressivo face aos 93,4 milhões registados em 2016, sendo 80% processadas por plataformas digitais móveis, contribuindo para a inclusão financeira das famílias.
O posicionamento foi reiterado na abertura da 3.ª edição da Conferência do Sector Bancário, Serviços Financeiros e Seguros – BFSI Mozambique 2025, que decorreu nesta quarta-feira, em Maputo.
A ministra das Finanças, Carla Louveira, em representação do Presidente da República, referiu que “O BFSI tornou-se uma plataforma incontornável de diálogo estratégico entre o Governo, o sector financeiro, o sector privado e os actores tecnológicos. Esta conferência acompanha a agenda central da governação económica do país, traduzida na transformação digital em prol de um ecossistema financeiro interoperável, transparente, seguro, íntegro e inclusivo”, afirmou a ministra.
Segundo Louveira, a Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2025–2044 coloca a inovação, tecnologia e digitalização como pilares da transformação estrutural da economia, com impacto directo na estabilidade macroeconómica, diversificação económica, criação de emprego digno e melhoria do ambiente de negócios.
“A transformação digital é um instrumento transversal de política pública, com impacto directo na eficiência do Estado, na competitividade das empresas e na inclusão financeira”, acrescentou.
O Governo destacou quatro vectores estratégicos para a transformação do sector financeiro: incremento da inclusão financeira; fortalecimento do sector financeiro; justiça e equilíbrio fiscal; e melhoria da integridade do sistema financeiro. Medidas recentes incluem a aprovação de normas sobre proteção de dados e cibersegurança, a revisão da legislação fiscal para transações digitais, e o reforço da supervisão de seguros e fundos de pensões, alinhados com boas práticas internacionais.
Segundo Louveira, “a transformação digital é também um instrumento de justiça fiscal e equidade social. As mulheres, os jovens e os pequenos empreendedores são segmentos prioritários para garantir acesso e uso equitativo dos serviços financeiros, reduzindo desigualdades históricas”.
O Governo reforçou a necessidade de sinergias entre Estado, sector financeiro e operadores tecnológicos, destacando a identidade digital e os pagamentos digitais como instrumentos-chave para acelerar a democratização financeira e a inclusão económica.
“O nosso compromisso é continuar a promover reformas que fortaleçam o sistema financeiro, modernizem o Estado e criem condições para um crescimento económico inclusivo, resiliente e sustentável”, concluiu a ministra.
No âmbito da inclusão financeira, apenas cerca de 30% da população adulta possui conta bancária, mas os serviços digitais têm permitido expandir o acesso a pagamentos, transferências e recebimento de rendimentos. Além disso, mais de uma carteira de moeda móvel por adulto já está em circulação.
Segundo a Estratégia Nacional de Inclusão Financeira (ENIF 2025–2031), o índice de inclusão financeira do país cresceu de 14,67 pontos em 2015 para 14,9 pontos em 2024, enquanto a população adulta com produtos de seguro subiu de 7% para 16,9% em 2022.
O sector financeiro também tem registado avanços significativos. A capitalização bolsista passou de 7,8% do PIB em 2015 para 29,5% em 2024, reflectindo maior dinamismo e novas oportunidades de investimento. Já o pagamento de pensões via transferência bancária atinge 95% dos beneficiários do INSS, com a expansão gradual do uso de carteiras móveis, sobretudo nas zonas urbanas.
Os profissionais do sector bancário, financeiro e de seguros destacam que a digitalização está a transformar radicalmente o acesso aos serviços, aumentando a eficiência, transparência e confiança no sistema, ao mesmo tempo que permite alcançar populações tradicionalmente excluídas, melhorar a protecção financeira das famílias e facilitar o acesso a seguros, pensões e outros produtos essenciais, promovendo uma maior inclusão e estabilidade económica.
Durante a conferência, Kekobad Patel, presidente da Comissão Organizadora do BFSI Mozambique, afirmou que o evento é uma “plataforma estratégica para aproximar o sector financeiro, o Governo e os operadores tecnológicos, permitindo identificar soluções inovadoras, fortalecer a regulação digital e impulsionar a transformação do sistema financeiro em benefício da população”.
O ministro das Telecomunicações, Américo Muchanga, sublinhou que Moçambique necessita de cinco plataformas digitais essenciais para aproximar os serviços ao público, destacando a identidade digital e os pagamentos digitais como prioritários.
Segundo Muchanga, estas plataformas devem ser acompanhadas pelo reforço da defesa e do regulamento digital, capacitação de recursos humanos, governação e financiamento adequados. O ministro enfatizou a importância do trabalho conjunto entre Estado, sector financeiro e operadores tecnológicos para garantir a democratização financeira no país, lembrando que mais de 30% da população adulta tem acesso à banca, o que reforça a necessidade de soluções digitais inclusivas.
A conferência, que reúne decisores públicos e privados, reguladores, especialistas e parceiros de desenvolvimento, debate temas como governação digital, inovação financeira, regulação de tecnologias emergentes e financiamento da transformação digital, contribuindo para alinhar prioridades e identificar caminhos concretos para a implementação da visão do Governo.
