Pais e encarregados de educação em Gaza criticam a falta de transparência e exclusão dos membros do Conselho de Escola na gestão das taxas de guarda. A governadora da província quer responsabilização dos gestores suspeitos.
As taxas que as escolas públicas no país, em particular em Gaza, cobram dos pais encarregados de educação para o pagamento de guardas são legais e visam responder a questões de segurança e melhoria das infra-estruturas escolares. No entanto, não são de caráter obrigatório.
“A nossa preocupação como pais encarregados é quando chega ao final do ano, nossos filhos não têm boletim, porque alegam que não se pagou o dinheiro de guarda. Sim, há algumas escolas que exigem dinheiro de guarda. Só não posso mencionar aqui” disse uma encarregada de educação.
De um tempo para cá, as escolas passaram a impedir os alunos de assistir às aulas, incluindo a retenção dos resultados por falta de pagamento. A esta questão, acrescenta-se a exclusão do conselho de escola na gestão das contribuições, o que levanta suspeitas e críticas generalizadas.
“Pedimos aos que são de direito para que nos ajudem. Há muita roubalheira. Temos as nossas crianças hoje, não sabem beber água. Não há dinheiro nem tanto para (…)A FIPAG cortou água em todas as escolas. Parece que é a direção de colocar essas gestões. O encarregado fica de fora. E vocês aparecem aqui a nos cobrar. Então, aí há uma pedra no sapato” sentenciou, membro do conselho de escola.
O assunto mereceu destaque esta quarta-feira, durante o encontro de diretores distritais do setor da educação. A governadora de Gaza, Margarida Mapandzene, exige responsabilização criminal aos gestores envolvidos em práticas suspeitas à volta das taxas de guarda.
“Já chega de receber uma chamada, uma reclamação ou acompanhar nos órgãos de comunicação social os pais e encarregados de educação reclamarem sobre a gestão dos valores que eles contribuem para a construção de salas. A situação dos próprios diretores de escolas quererem receber e gerir esse dinheiro e que isso só nos traz barulho. Tem que haver responsabilização, senhor diretor. O diploma é claro “, frisou.
Margarida Mapandzene reforça que a contribuição não é obrigatória e, segundo explicou, o elemento responsável pela fixação das taxas é o conselho de escola.
“Ao longo do ano do processo de ensino e aprendizagem é mandado voltar para casa porque não contribuiu. Afinal, estamos aonde? Será que quando se fala, quando os pais reclamam, nós não sentimos? Deixem tudo na responsabilidade da comunidade. Indicarem alguém entre eles para receber esse dinheiro e serem eles mesmos a gerir” concluiu a governante.
Em Gaza, mais de 14 mil alunos continuam a estudar debaixo de árvores e no chão devido à falta e degradação de salas de aula.