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Gaza, Cidade de Maputo e Cabo Delgado: o trio que encostou Kamal Badrú à parede

As associações provinciais de atletismo de Gaza, Cidade de Maputo e Cabo Delgado questionam a liderança de Kamal Badrú. Na Assembleia-geral Ordinária realizada no sábado, as três agremiações reprovaram o relatório de contas por acharem estar cheio de lacunas.

Kamal Badrú continua na berlinda. As associações provinciais, com destaque para as de Gaza e da Cidade de Maputo, questionam a sua liderança na Federação Moçambicana de Atletismo, facto que se evidenciou na Assembleia-geral Ordinária. As agremiações não só reprovaram o relatório de contas, como também questionaram o facto de, segundo eles, Kamal Badrú estar a dirigir a federação sozinho.

“Esse, para mim, não é um relatório de contas, mas sim um informe. Ou seja, é mais um documento”, disse o presidente da Associação Provincial de Atletismo de Gaza, Hermínio France.
Para ele, falta transparência na liderança de Kamal Badrú, daí que “reprovo esse relatório”.

Hermínio France questionou, também, a falta de comunicação entre a federação e as associações, facto que, segundo disse, impera no funcionamento normal das agremiações e contribuiu, negativamente, para o desenvolvimento da modalidade.

A discussão do relatório de contas acendeu acesos debates. Fenias Cutane, presidente da Associação de Atletismo da Cidade de Maputo, disse, também, que o relatório não espelha a realidade, razão pela qual não era passível de ser aprovado. Aliás, sugeriu que o mesmo não fosse objecto de debate, na medida em que, na sua óptica, o documento está cheio de incongruências.

“Nem deveríamos chamar esse documento de relatório de contas, pois disso não nada”, disse.
Em relação ao relatório apresentado por Kamal Badrú, Cutane disse ainda que “o presidente precisa de ser sério connosco, como associados. Não devemos brincar com o atletismo”, ressalvou.

Em nome dos clubes da Cidade de Maputo, tal como disse, Fenias Cutane questionou sobre o apoio que o Governo, através da Secretaria do Estado de Desporto, tem dado à federação, ao que Kamal Badrú respondeu que rondava aproximadamente os 500 mil Meticais.

“Essa informação deveria constar do relatório. Aqui não deve haver segredos, pois é nosso direito ter acesso ao que acontece na federação”, rebateu Cutane. Por seu turno, a Associação de Atletismo de Cabo Delgado mostrou-se avessa à liderança de Kamal Badrú. A agremiação entende que o dirigente máximo do organismo que rege o atletismo nacional “esqueceu” aquela província. Tal como disse o seu respectivo presidente, a sua agremiação não passa de mais uma instituição que funciona como se fosse uma ilha.

“Como se não bastasse, o presidente da federação diz que eu estou fora do mandato. Ou seja, não me reconhece como presidente da associação”, explicou. Para ele, não faz sentido que tal aconteça, pois foi eleito pelos clubes.

“Para vir à assembleia-geral, tive de usar os meus fundos, pois a federação não se pronunciou. Não acho justo que haja filhos e enteados na federação, visto que todos lutamos para o desenvolvimento do atletismo”, sublinhou.

Em relação ao relatório de contas, o presidente da mesa da assembleia sugeriu que o mesmo fosse melhorado, para depois ser analisado com propriedade. Chamou atenção ao facto de haver falta de comunicação entre a federação e os associados.

“O senhor Kamal Badrú deve passar a ser comunicativo. Qualquer acção que for a realizar deve informar às associações, pois tem muitos canais para tal”, aconselhou Geraldo Alberto.

 

SEIS ASSOCIAÇÕES QUEREM UM “IMPEACHMENT”

Recentemente, seis associações provinciais submeteram uma carta ao presidente da mesa da assembleia, na qual exigiam a destituição de Kamal Badrú da liderança da Federação Moçambicana de Atletismo.

Volvidas algumas semanas após a submissão do documento, a associação provincial de atletismo de Maputo, por sinal um dos subscritores, enviou um ofício à mesa da assembleia a reconsiderar a sua decisão.

Este facto suscitou vários debates entre os associados. “Não tenho dúvidas de que ele foi aliciado com valores monetários para mudar de opinião”, afirmou Hermínio France.

Na Assembleia-geral Ordinária de sábado, as associações subscritoras da carta voltaram a submeter o documento à mesa para ser analisado. O presidente da mesa, Geraldo Alberto, disse que o documento só poderia ser analisado com a aprovação de 2/3, segundo mandam os estatutos.

Sobre o assunto, ficou assente que o presidente da mesa iria analisar o documento e, caso seja pertinente, será convocada uma Assembleia-geral Extraordinária para se discutir o assunto. Assumindo-se como um dos subscritores, disse que é preciso imprimir mudanças na federação, pois, na sua óptica, a agremiação funciona como se fosse um clube de amigos.

Além do relatório de contas, a Assembleia-geral da Federação Moçambicana de Atletismo discutiu a calendarização das competições, faltando quatro meses para o término do mandato de Kamal Badrú.

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