Governo e parceiros intensificam formação de moçambicanos em matérias de petróleo e gás natural. Os bolseiros estão a ser enviados a Malásia, Alemanha e Angola.
Numa altura em que Moçambique prepara-se para entrar no restrito grupo dos maiores produtores de hidrocarbonetos no mundo, com a Bacia do Rovuma, em Cabo Delgado, a ser o epicentro das operações, o Executivo já acelera com o processo de formação de quadros nacionais.
Ao que “O País Económico” apurou junto do Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME), para um bolseiro enviado a Malásia, o Estado moçambicano despende nove mil dólares por ano, sendo que já formados desde 2010, um total de 94 estudantes. Feitas as contas, já foram gastos 846 mil dólares em dez anos.
Para Alemanha, o encargo em propinas e alojamento é de 20 mil euros anuais por cada bolseiro. Estão neste momento em formação, um total de 26 estudantes moçambicanos, ou seja, um cumulativo de 520 mil euros anuais, para cada bolseiro.
Já em Angola, o protocolo de formação definiu uma verba de 100 mil dólares por ano, para cada estudante moçambicano enviado àquele país do Atlântico.
“Os moçambicanos só vão se sentir parte dos grandes projectos de petróleo e gás quando estiverem formados. É preciso olhar para toda cadeia, como mecânica, electricidade, informática, engenharia civil, por exemplo. O grande desafio é a certificação dentro do país”, disse Marta Pecado, directora dos Recursos Humanos do Ministério dos Recursos Minerais e Energia destacou a qualidade dos estudantes moçambicanos.
O MIREME através dos fundos de capacitação institucional previstos nos contratos de pesquisa de hidrocarbonetos, entre 2010 e 2020, formou dentro e fora do país, 214 jovens moçambicanos nos níveis de licenciatura e médio profissional.
Actualmente estão em formação um total de 51 estudantes na Universidade Tecnológica de Petronas, na Malásia, Universidade Técnica de Freiberg (Alemanha), Instituto Nacional de Petróleo (Angola). Já a nível interno, as formações decorrem na Universidade Eduardo Mondlane, UNILÚRIO, ISPT e no Instituto de Geologia e Minas.
“Dos 214 formados, 33 bolseiros ainda não tem colocação, quatro estão a frequentar mestrado na Inglaterra e Malásia e os restantes já contratados”, apontou a directora dos Recursos Humanos do Ministério dos Recursos Minerais e Energia.
Para os próximos cinco anos, o MIREME prevê formar 81 bolseiros, sendo 25 na Malásia, 10 na Alemanha, 15 em Angola, 10 da Universidade Eduardo Mondlane e 21 no ISPT em áreas de energia e pesquisa de petróleo e gás.
“Queremos, nos próximos bolseiros, resgatar o critério dos estudantes mais necessitados. Pois, a essência deste tipo de programas é dar oportunidade a quem não tem condições para continuar com os estudos”, concluiu Marta Pecado.