A editora Fundza inaugura, esta quarta-feira, na Beira, a única livraria da cidade. A acção insere-se nas celebrações dos cinco anos de existência da editora que também realiza uma feira do livro virtual.
Em 2016, a Fundza lançou-se no ousado desafio de editar livros para todas as idades. Entre dificuldades típicas do mercado editorial em Moçambique, cinco anos depois, a editora com sede na Cidade da Beira continua firme na missão de promover a literatura moçambicana. Para celebrar mais um aniversário, o quinto, a editora decidiu realizar uma feira virtual do livro, que coincide com a abertura da sua livraria.
De acordo com Dany Wambire, escritor e editor da Fundza, a realização da feira virtual que arranca esta quarta-feira é uma manifestação de alegria pelo tempo de existência. “Outrossim, é forma de rebeldia nestes tempos difíceis, pandémicos, em que estamos cercados do medo. Queremos que o livro nos salve desta masmorra invisível”.
Entre os convidados a esta edição da feira virtual do livro da Fundza estão autores como João Paulo Borges Coelho, que vai conversar sobre “Beira como reinvenção literária: uma viagem pelo espaço e pela memória”. De igual modo, farão parte da celebração à literatura Nobre dos Santos, antigo reitor da UniZambeze, Sebastião Lopes, Director do Colégio La Salle, e Carina Lopes, antiga livreira, na conversa subordinada ao tema “O lugar da livraria na educação em Moçambique”.
Na terceira mesa da feira virtual, os editores Celso Muianga, da Fundação Fernando Leite Couto, Sandra Tamele, da Trinta Zero Nove, e Jessemusse Cacinda, da Ethale Publishing, vão debater sobre “Os problemas e as soluções do mercado editorial moçambicano”. Esta mesa vai anteceder uma sessão de conversa sobre o tema “Literatura infanto-juvenil: o caminho para formação de leitores?”, que inclui a participação do Presidente do Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa, Nataniel Ngomane, a editora da Escola Portuguesa de Moçambique, Teresa Noronha, e o escritor Mauro Brito.
Com efeito, porque Adelino Timóteo tem um romance ainda recente, O feiticeiro branco, a feira virtual do livro agendou para os leitores uma sessão de assinaturas de autógrafo com aquele autor. Segundo a organização, todos os cuidados exigidos nesta época estão observados para que a sessão decorra de forma segura.
Olhando para trás, Dany Wambire adianta que os cinco anos da Fundza foram, sobretudo, de aprendizagem. “Aprendemos a fundar e a gerir um negócio num campo muito difícil. Trabalhamos na formação de profissionais nas áreas de edição e venda de livros, ao nível da Cidade da Beira”. E quanto às infra-estruturas? “Estamos a construir uma editora e livraria que acredita na cooperação para se ultrapassar os problemas que se enfrentam no mercado editorial e livreiro. Queremos ser uma editora que dá atenção aos novos autores e procura aprender com eles”.
Na véspera da feira virtual, o editor da Fundza lembrou que no país é difícil trabalhar no mercado editorial devido a uma série de carências. “Falta um pouco de tudo. Há falta de profissionais competentes para quase todas as áreas da produção e comercialização do livro. Há poucas oportunidades para dar visibilidade ao que fazemos. Há, sobretudo, falta de leitores”.
Ainda assim, a Fundza lançou 30 títulos em cinco anos e esta quarta-feira inaugura uma “moradia passageira” para os livros de todas as editoras nacionais e tantas outras estrangeiras.
A inauguração da única livraria na Cidade da Beira e os eventos subsequentes serão transmitidos no Facebook da editora Fundza.