Em 2015, foi criado o Fundo da Paz e Reconciliação Nacional, com objectivo de ajudar os combatentes desmobilizados a criarem rendas para as suas famílias e empregos nas comunidades onde estão inseridos, no contexto da pacificação do país. Em todo o país, 2200 combatentes já beneficiaram do fundo que é reembolsável, a uma taxa de juro de 7%. Infelizmente nem todos os beneficiários estão a honrar com os compromissos.
Na província de Sofala, há três casos de sucesso, nomeadamente nos distritos do Búzi, Nhamatanda e Dondo. No distrito Búzi o combatente Salomão Maguanda, remodelou a sua guest house, com o fundo da paz. A guest house foi severamente danificado no ano passado pelo cilone Idai. Contudo ele conseguiu reerguer-se e voltou a operar normalmente. Esta a empregar sete trabalhadores todos oriundos da comunidade local.
Américo Tete, um dos trabalhadores da Maguanda Luxury Guest House, há cerca de cinco anos, construiu, na base dos seus rendimentos mensais uma casa na base de material convencional e deixou de viver num alpendre que fora erguido na base de barro, estacas e coberta de capim.
“Infelizmente o ciclone Idai no ano passado destruiu parte da minha casa, mas aos poucos estou a reconstrui-la. Foi uma oportunidade que marcará para sempre a minha vida, graças ao Fundo da Paz, apesar de não ser o benificiário directo”. – explicou Américo
Em Nhamatanda o combatente José Jornal, desmobilizado em 1994, afirmou que nunca se sentiu inútil na sociedade e apelou aos outros desmobilizados a seguirem-lhe o exemplo, apostando em projectos de renda com o fundo da paz. Ele é o proprietário de uma moagem que tem estado a beneficiar a comunidade onde reside.
“Desde que o país ficou independente nunca tivemos uma moagem tao perto das nossas casas, de há seis anos para cá. O antigo combatente Jornal veio aliviar o nosso sofrimento pois, eramos sujeitos a percorrer cerca de 20 quilómetros a pé a procura de uma moagem. Alias, três dos nossos jovens aqui da nossa comunidade tem emprego garantido. O Fundo da Paz foi uma excelente iniciativa”. – Afirmou Tomocene Ulire, um dos líderes comunitários dos distrito de Nhamatanda.
E em Dondo, João Malunga, antigo combatente, com os seus recursos adquiriu dois bois, que geraram outros 8 e depois solicitou o fundo da paz para gerar mais bois e comprou dois cabritos que já geraram outros 10. Hoje ele possui cerca de 40 animais, entre eles bois e cabritos e já vendeu dezenas deles. A família e 10 membros da comunidade estão envolvidos no projecto.
“Ser desmobilizado não significa ser inútil na sociedade, por isso pensei em algo que pudesse ajudar a minha comunidade. Decidi criar bois e cabritos e hoje o resultado espanta-me. Portanto os combatentes deveriam usar o fundo da paz para contribuir na geração de riquezas do país empregado jovens e incentiva-los a pensarem de forma positiva para o bem estar da nação. – Exortou Malunga.
Para casos de sucesso como os dos distritos de Búzi, Nhamatanda e Dondo, o director executivo de fundo de paz e reconciliação nacional, Estevão Muhia, garantiu que não hesitará em refinancia-los, caso os gestores assim os pretendam.
“Ficou claro, por onde passamos a monitorar os projectos financiados aqui em Sofala, que as comunidades locais sobrevivem destes projectos. Aliás o Fundo da Paz foi criado exactamente para isso, os combatentes serem a “ponte” para o desenvolvimento do país, através da geração de empregos e da renda. Portanto encorajamos estas iniciativas e estamos abertos a mais financiamentos”.