Dois funcionários do Conselho Municipal da Beira foram detidos, na noite de ontem, indiciados de transportar estacas de mangal, uma espécie protegida pelas autoridades por contribuir na reprodução marinha e protecção costeira. As estacas de mangal estavam a ser transportadas ilegalmente numa viatura da edilidade para recolha de lixo.
Esta detenção está, certamente, relacionada com o facto de no passado, no dia 2 de Agosto, ter sido lançado, na cidade da Beira, uma campanha que visa proteger os mangais, que são árvores que ajudam a estabilizar os solos, evitando a erosão costeira e locais para a reprodução de inúmeras espécies marinhas.
Entretanto, apesar de todos apelos para não serem cortados, os mangais continuam a ser destruídos em Sofala, particularmente na cidade da Beira e distritos de Dondo e Búzi, para diversos fins.
O cerco foi apertado contra aqueles que cortam, transportam e comercializam o mangal. Os autores destes crimes recorrem agora a novos métodos e com novos autores, que felizmente foram neutralizados pela fiscalização do sector de pesca e apresentados à esquadra mais próxima.
Trata-se de dois funcionários do Município que nesta quinta-feira, a troco de dinheiro, encheram um contentor de estacas de mangais em vez de lixo, e transportaram o produto desde a lixeira da Munhava, onde estavam os supostos proprietários para um local que não revelaram. As autoridades estavam atentas e foram detidos durante o percurso.
“Encontrei as estacas, que os donos chamaram de lenha, na berma da lixeira da Munhava. Depois de despejarmos o lixo, os proprietários aproximaram-se de nós e pediram para transportar as estacas desde a lixeira até um ponto por indicar durante o percurso. Em troca eles pagariam 800 meticais, mas fomos detidos pela Polícia”, explicou um dos indiciados.
Os funcionários do Município são indiciados de transporte de espécies protegidas, previsto na lei de protecção, conservação e uso sustentável da diversidade biológica. A pena para este tipo legal de crime varia de dois a 16 anos de prisão.
Por seu turno, o Conselho Municipal da Beira, através do seu gabinete jurídico, distanciou-se dos actos praticados pelos seus funcionários e garantiu que internamente já está a decorrer um processo disciplinar contra os mesmos.