A Frelimo e o Movimento Democrático de Moçambique elegem, em menos de 72 horas, os seus candidatos para as eleições presidenciais de 9 de Outubro. Os dois partidos vão aos encontros decisivos sem pré-candidatos ainda conhecidos.
Quase 30 dias depois de o Comité Central da Frelimo se ter reunido em sessão ordinária na Matola, sem eleger o candidato às presidenciais, os membros do órgão voltam a sentar-se, esta sexta-feira, no mesmo local com um único ponto de agenda: a eleição do candidato.
No entanto, diferentemente de 2014, há 10 anos, 48 horas antes do encontro decisivo, os membros do Comité Central ainda não sabem, oficialmente, de entre que nomes vão eleger a sua aposta para a ponta vermelha. Mas já manifestaram disponibilidade de entrar na corrida Samora Machel Jr., filho do primeiro Presidente de Moçambique, António Hama Thay, general na reserva, e Gabriel Júnior, deputado da Assembleia da República.
O candidato a ser eleito deve ter capacidade de criar condições para resolver problemas como o terrorismo, raptos, corrupção, situação financeira e pagamento aos funcionários públicos, defende o analista político Dércio Alfazema.
Dércio Alfazema advoga que o candidato à Presidência da República deve estar à altura de “trabalhar para unir os moçambicanos e olhar para agendas estruturantes que têm a ver com segurança”, como é o caso da situação de Cabo Delgado, dos raptos e “consolidar os ganhos do DDR e da agenda de reitegração e reconciliação”.
O jornalista e comentador Fernando Lima, que acompanha atentamente o desenrolar das eleições internas na Frelimo e noutros partidos, entende que o mais importante, agora, é a capacidade de liderança.
“Basicamente, tem de ser uma pessoa com capacidade de liderança. Não é preciso ser um PhD. Não é preciso ter muitos cursos universitários, como muita gente pensa. Aliás, temos Lula da Silva, que, apesar das controvérsias que o rodearam, quer me parecer que seja alguém que fez muito pelo seu país”.
Depois da Frelimo, na sexta-feira, no sábado, o MDM reúne-se em Conselho Nacional na cidade da Beira, considerada seu bastião. Do encontro, também deverá sair o candidato do partido para a corrida à Ponta Vermelha. No entanto, no chamado partido do galo, nenhum membro mostrou, até agora, disponibilidade para se candidatar ao desafio. Será que haverá surpresas?
“Não me parece que haverá muitas surpresas. Será uma grande surpresa se o presidente Lutero Simango não for candidato do MDM, o que não afasta a possibilidade de haver outros candidatos (…)”, disse Fernando Lima.
Dércio Alfazema concorda, mas também acredita que tudo é possível. “Parece que o presidente do partido, Lutero (Simango), vai, pela primeira vez, concorrer como presidente do MDM. Na política, tudo é possível. Nada será estranho se, à última hora, o MDM optar por trazer alguém que tenha um outro capital (…)”.
Já do lado da Renamo, ainda será necessário aguardar, pelo menos, duas semanas para saber que, efectivamente, irá entrar, pelo partido, na corrida à Ponta Vermelha.