A escassos dias da quadra festiva, a Inspecção Nacional de Actividades Económicas (INAE) reconhece que há escassez de frango vivo no mercado, mas diz não ter muito espaço de manobra para controlar a especulação do preço que já atinge os 300 meticais para uma unidade com peso inferior a um quilo de trezentos gramas. Enquanto isso, os fornecedores dizem estar confortáveis quanto à disponibilidade de frango.
O Mercado Santos, no Município da Matola, é um dos locais onde se vende frango vivo. Alexandre Nhampossa vive na vila autárquica de Boane e foi ao Mercado Santos para comprar frango vivo, mas o preço estava, segundo ele, insuportável.
“Percebi que houve aumento do preço e acho que não se pode passar a quadra festiva sem o frango na mesa e é por isso que passei pelo Mercado Santos para ver se levo um frango para casa”, disse.
Fernando Matusse, que está naquele mesmo mercado há 30 anos a vender frango vivo, conta que, quando chega a quadra festiva, tem sido assim – falta de frango e subida de preços.
Já na Cidade de Maputo, precisamente no Mercado do Povo, o preço do frango vivo atinge, actualmente, os 300 meticais e o peso nem sempre é o desejado. Aliás, o preço estampado muda quando é para depenar. Luísa Mandlate, chefe do sector, diz que aumentou a procura pelo frango vivo, o que motivou a subida do preço.
Sabe-se que, no mês de Dezembro, há muita procura e aumenta o consumo e os fornecedores procuram vender os seus produtos. E às vezes são comercializados produtos sem qualidade. O caso mais recente foi do jovem João Munguambe, criador emergente, que foi alegadamente burlado – foram-lhe vendidos galitos em vez de frango de corte. Os galitos levam 18 semanas para crescer e o frango tem um ciclo de 30 a 45 dias; os galitos são pintos machos de poedeiras, não servem para carne e também não põem ovos.
Foi na expectativa de fornecer carne de frango ao mercado que João foi alegadamente burlado. Um fornecedor vendeu-lhe galitos, com 21 dias mas mantêm-se pequenos e com aparência de pintos de sete dias.
A Associação Moçambicana da Indústria Avícola (AMIA) mostra-se preocupada com a existência de fornecedores desonestos que, nesta altura de maior procura, vendem pintos não recomendáveis para carne.
“Pessoas de má-fé porque sabem que têm penas brancas, mesma aparência com pintos de frangos; em vez de fazer o abate destes animais, levam e vendem para produtores como se tratasse de pintos. O galito em si não é o pinto com má qualidade, é um pinto que não foi preparado para produzir carne”, explica Zeiss Lacerda, secretário executivo da AMIA.
Contudo, as principais indústrias avícolas do país, baseadas na província de Maputo, distanciam-se da alegada especulação de preço do frango. A Hgest, empresa que produz rações e pintos, abriu o seu matadouro, onde são processados 14 mil aves por dia, o correspondente a 20 toneladas. Segundo esta empresa, é incompreensível a subida do preço. Ana Oliveira, da Higest, garante mesmo que o produto que sai da sua empresa já foi distribuído pelos principais mercados do país.
“Nós, neste momento, temos em stock de 600 toneladas e diariamente produzimos mais 20 toneladas. De realçar que os nossos clientes da zona Centro e Norte do país já foram abastecidos para a quadra festiva. Estamos numa situação de garantir o abastecimento do frango congelado e frango vivo para a quadra festiva.”
Irvines, empresa que oferece pintos para corte, diz não ter falta de aves e que já incinerou mais de 1000 pintos por falta de mercado.
“Eu só posso dizer que a ração não subiu de preço, o preço do pinto subiu, mas não foi tão exorbitante. A nível dos fornecedores, os preços não subiram tanto dessa maneira”, concluiu André Horta, director técnico da Irvines Moçambique.
O jornal “O País” procurou saber da INAE sobre o assunto. “Existe frango congelado, mas há escassez de frango vivo, porque a pressão é maior. Cada um busca pinto onde busca, busca ração onde busca. O Governo não tem muito espaço de manobra numa economia de mercado para o frango vivo, mas para o frango congelado há, tanto que o Governo estipulou a margem máxima de lucro”, disse Tomás Timba.