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Focos de violência mancham os esforços da paz

Foto: O País

A Ministra da Justiça diz que é preciso continuar a buscar consensos entre os diferentes actores da sociedade, por forma a garantir a manutenção da paz. Helena Quida falava hoje, durante a abertura do simpósio sobre a construção e manutenção da paz em Moçambique.

Quase 30 anos depois da assinatura do acordo de paz, que dava fim à guerra dos 16 anos, Moçambique ainda enfrenta focos de desestabilização, que comprometem a paz.

São exemplos dos focos os actuais ataques terroristas que são assistidos, agora, em três províncias da zona norte, onde as populações são obrigadas a abandonar suas aldeias por ataques ou medo de acções consideradas “macabras” dos terroristas.

Contudo, a Ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos diz que durante as três décadas da assinatura dos acordos de Roma, houve avanços inquestionáveis e que devem ser continuamente preservadas.

Para Helena Kida, a preservação deste ambiente de Paz passa pelo reconhecimento dos limites humanos e sociais de cada um e respeito mutuo.

A passagem de mais uma efeméride é pretexto suficiente para, em conjunto, haver reflexões em torno dos mecanismos para o alcance e manutenção da tão almejada paz efectiva.

“A paz não significa ausência de armas ou conflitos, por isso podemos afirmar que estamos em paz, apesar de alguns focos de violência”, afirmou a ministra.

Segundo Kida “as atitudes da paz configuram um processo que envolve, ao mesmo tempo, a aceitação e um saudável enfrentamento. Situações de conflitos são inevitáveis nos grupos humanos, mas podem ser mediadas quando as pessoas utilizam uma virtude: o respeito. É importante que aprendamos a respeitar as diferenças, como algo inerente a um mundo dinâmico, pluralista, multicultural, ou seja, um mundo cuja diferença deve ser encarada como algo absolutamente normal.

Kida, falando este sábado durante a abertura do simpósio sobre a construção e manutenção da paz em Moçambique, defendeu que a preservação da paz é responsabilidade de cada organismo da nossa sociedade.

“Este simpósio da paz constitui, igualmente, um mecanismo que nos ajuda a encontrar formas de atravessar a crise financeira que o país atravessa, embora as medidas de contenção económica, anunciadas pelo Governo, sejam formas de minimizar a crise. A paz é um património colectivo e interesse superior de todos. Por isso, exortamos a todos a repudiar e repugnar toda e qualquer acção atentatória à paz conseguida com enorme sacrifício”, defendeu Kida”.

O académico Guimarães Lucas diz que mais do que o terrorismo, os raptos, sequestros e outros crimes são os desafios actuais da paz.

“Estamos perante banditismo puro na nossa cidade. Estamos preocupados. É verdade que muitas vezes, analistas dizem que comparactivamente a outros países, nós estamos bem. Mas nós respondemos, dizendo que “temos raptos suficientes para nos preocuparmos. É muito. É demais. Queremos segurança”, explicou Lucas, durante a sua intervenção.

Por seu turno, a Comunidade Sant’Egídio apela o reforço ao diálogo.

“O díalogo é crucial para o consenso. No caso da Ucrânia, por exemplo, não há diálogo. É uma corrida para ter mais armas, para matar, mas ninguém procura uma mesa para conversar”, disse o representante da organização.

Este simpósio, sob lema roteiro da paz nos últimos 30 anos em Moçambique: avanços e desafios, juntou académicos, políticos e religiosos.

O dia da paz é celebrado a cada 4 de Outubro, por ocasião da assinatura dos acordos de paz, em Roma, Itália.

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