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FMI: Dívida de Moçambique é elevada, mas será sustentável com receitas do gás

O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse, ontem, que a dívida de Moçambique está em elevado risco de sobre-endividamento, mas será considerada sustentável devido às significativas receitas que virão do gás, mais para o final da década.

“A Análise da Sustentabilidade da Dívida (DSA) mantém-se inalterada face à análise realizada aquando da aprovação do programa [de ajustamento financeiro], em Maio de 2022; a dívida pública externa é avaliada como estando em elevado risco de sobre-endividamento”, disse o economista Thibault Lamaire em entrevista à Lusa, citado pelo Jornal de Negócios, à margem dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorreram esta semana em Marraquexe.

Para este economista do departamento africano e um dos autores do relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais para a África Subsaariana, a situação pode mudar quando os projectos de exploração de gás entrarem em funcionamento, garantindo a Moçambique um elevado volume de receitas fiscais que podem ser usadas para melhorar os parâmetros que são analisados na DSA.

“Em termos prospectivos, a dívida pública é considerada sustentável, uma vez que uma elevada percentagem do endividamento futuro projectado reflecte a participação do Estado nos grandes projectos de gás natural liquefeito, o qual será reforçado directamente a partir das receitas futuras de gás natural liquefeito, que se prevê serem significativas”, acrescentou o economista.

Na semana passada, o director do departamento africano do FMI tinha dito que oito países precisavam de reestruturar a dívida, tendo o FMI depois apontado São Tomé e Príncipe e Moçambique como estando nessa lista, tendo em conta a DSA.

Para este ano, Thibault Lamaire apresentou uma previsão de crescimento na ordem dos 6%, “impulsionado pelas indústrias extractivas, incluindo o Coral-Sul, o primeiro projecto de gás natural liquefeito, cuja produção se iniciou em Outubro de 2022, e apoiado pelas actividades de mineração”.

O FMI prevê ainda “o arranque da produção de dois projectos de gás natural liquefeito onshore, em 2027 e 2029, que terá um impacto positivo no crescimento devido ao impacto da produção nas receitas fiscais e na conta corrente”.

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