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Fisioterapia: tratamento, esperança e superação

Três jovens, mesma idade e um objectivo comum: recuperar a sua mobilidade a cem por cento. Trata-se de Márcia, Hermínio e Amilton, de 26 anos de idade, que estão em tratamento no Serviço de Medicina Física e Reabilitação no Hospital Central de Maputo.

Nas causas da perda de mobilidade encontram-se o Acidente Vascular Cerebral (AVC), diabetes e acidentes.

Foi no ano passado que Márcia ficou a saber que é hipertensa e diabética. E o diagnóstico foi feito depois de ter ido parar ao hospital com uma paralisia do lado direito do seu corpo.

“Eu nem sabia que tinha tensão alta e diabetes. E fiquei a saber disso no mesmo dia. Eu tinha de ir a faculdade, mas não consegui acordar porque apanhei AVC. Não conseguia falar, nem movimentar todo o lado direito do meu corpo. Despertei no hospital e fiquei internada durante uma semana”, disse, Márcia Mário.

Depois do susto, começou a fazer tratamento no Serviço de Medicina Física e Reabilitação. A jovem contou que aceitar as limitações foi o mais difícil.

“Eu fazia bolos, preparava salgados e ia a faculdade. Mas tudo isso foi água abaixo. E aceitar a situação na qual eu estava foi o mais difícil. Mas hoje em dia, graças a Deus, já sinto melhorias e sei que vou ficar 100 por cento bem”, vaticinou.

Uma certeza partilhada por Hermínio que, há um ano, está em tratamento para recuperar os movimentos da sua perna direita, depois de ter sofrido um acidente.

“Caiu um murro em cima de mim em 2016 e fiquei com a perna fracturada” referiu.

O jovem reconhece que voltar a andar sem limitações vai levar tempo, mas já vê melhorias.

“A princípio andava de muletas, mas hoje já ando sem elas. Ainda de forma lenta, não posso correr, jogar a bola ou conduzir. Mas sei que tudo isso é uma questão de tempo. Agora venho ao hospital sozinho, enquanto antes precisava de companhia, isso prova que já estou a ficar bem”, disse confiante.

Uma confiança que Amilton também tem e recorda que no dia em que deixou de andar, sentar e movimentar os seus braços era para ser um dia de trabalho como outro qualquer. “Eu tive um acidente de trabalho. Caí e perdi o movimento dos braços, pernas e tronco. Fiquei tetraplégico”, contou.

Dois anos depois do acidente, Amilton já recuperou parte dos seus movimentos. “Já consigo sentir meu corpo, já sento, já movimento meus dedos e seguro uma caneta para escrever meu nome. São coisas que eu não conseguia fazer e tenho certeza que daqui a algum tempo terei ainda mais melhorias”, concluiu.

Na verdade, a fisioterapia é um recurso em caso de doenças, acidentes, má-formação genética ou vício de postura para crianças, homens e mulheres de todas as idades. De acordo com a directora da Medicina Física e Reabilitação no Hospital Central de Maputo há cada vez mais pessoas a procurarem por aqueles serviços.

“Só no primeiro semestre de 2018, o nosso atendimento aumentou em 10 por cento. Isso porque as principais causas de procura pelos nossos serviços, também, tendem a aumentar. E a fisioterapia é só uma parte dos serviços que temos aqui no nosso departamento. Os pacientes, primeiro, passam pela consulta de fisiatria e é lá onde são avaliadas as suas necessidades. No princípio do tratamento, fazem uma combinação de vários tratamentos e depois podem chegar a uma fase em que só fazem a fisioterapia”, explicou Teresa Tiago.

A 8 de Setembro celebra-se o Dia Mundial da Fisioterapia. Uma data que serve para sensibilizar os fisioterapeutas sobre o seu contributo na superação de problemas musculares, esqueléticos e de doenças, mantendo sempre a esperança nos pacientes.

SERVIÇOS DE FISIOTERAPIA SEM EQUIPAMENTO DE TRABALHO

O número limitado de profissionais e a falta de equipamento são apontados como os principais desafios dos serviços de fisioterapia, não só no Hospital Central de Maputo. “A fisioterapia não é feita só com as mãos. Precisamos de instrumentos próprios. O nosso ginásio é de um hospital de referência e, mesmo assim, tem falta de certos equipamentos. Agora tente imaginar o que acontece nos outros pontos do país. Os departamentos são considerados serviços de fisioterapia porque existe a sala, mas os equipamentos deixam a desejar”, disse a directora da Medicina Física e Reabilitação no Hospital Central de Maputo, Teresa Tiago.

O departamento que ajuda os pacientes a recuperar a sua mobilidade, fala e outras habilidades que podem ter sido perdidas durante um acidente, ou por causa de uma doença conta actualmente com um fisiatra, quatro fisioterapeutas licenciados, 17 técnicos médios, quatro terapeutas da fala, dois terapeutas ocupacionais, um psicólogo e um assistente social.

Em Moçambique, a celebração do Dia Mundial da Fisioterapia começou a ser assinalada há quatro anos, um facto que, de acordo com os profissionais da área, se deve à falta de valorização da profissão e a fraca divulgação dos serviços.

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