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Filipe Nyusi diz que tem que se aprender com erros do passado na desmilitarização da Renamo

O presidente da República, Filipe Nyusi iniciou esta quarta-feira, uma visita de quatro dias à província de Manica onde deverá escalar sucessivamente os distritos de Bárue, Sussundenga, Machaze e a cidade de Chimoio. A porta de entrada foi o Posto Administrativo de Honde, em Catandica no distrito de Bárue e o primeiro acto foi orientar um comício popular.

Como já é habitual o Chefe de Estado deu espaço para que os presentes colocassem preocupações para além das que foram apresentadas no documento lido por um dos residentes. E os mesmos não se fizeram de rogados. Dentre os pedidos feitos constam a reabilitação de estradas para permitir o escoamento de produtos agrícolas, a descentralização da fiscalização das obras que ocorrem nos distritos, a construção de centros de saúde, a alocação de ambulâncias, abertura de mais fontes de abastecimento de água e extensão da energia eléctrica. A estas preocupações o Presidente da República prometeu resolver gradualmente e prometeu a entrega de uma ambulância a Honde já no próximo mês de Agosto, o incício das obras de extensão de energia eléctrica em Outubro.

Mas a grande preocupação apresentada pela população é a existência de bases dos Homens Armados da Renamo em alguns povoados dos distritos de Bárue, Macossa e Tambara. A população reconhece que os mesmos não têm estado a proferir ameaças ou a fazer sevícias aos populares mas só o facto de saber que num determinado local há Homens Armados estacionados gera pânico e faz com que os residentes dessas áreas abandonem suas residências e machambas o que acaba criando uma situação de fome para as famílias afectadas. Pelo que pediram ao Chefe de Estado para que rapidamente aqueles Homens sejam desarmados e retirados dos seus quarteis.

Filipe Nyusi esclareceu que esse é o esforço que neste momento está a ser empreendido pelo Governo em estreita colaboração com a liderança da Renamo e disse não entender como pode haver pessoas que sentados nos seus escritórios nas cidades escrevam ou digam que a Renamo deve manter-se armada. Disse que se deve ouvir a voz da população directamente afectada e traumatizada com a guerra que não se sente a vontade em conviver com seus irmãos armados o que acaba influenciando nas suas actividades de geração de rendimentos.

Entretanto, Filipe Nyusi disse que é necessário que haja uma real reconciliação no país para que o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração seja um sucesso “temos que saber o que é que vão fazer, esse é que é o nosso desejo. Nós temos que aprender de algumas falhas que foram feitas, nós aceitamos, mas é isso que estamos a fazer, trazer os nossos concidadãos, ficarem connosco aqui sem nós termos medo deles, nem eles terem medo de nós” disse tendo a seguir acrescentado que a forma como as comunidades se relacionam com os antigos guerrilheiros da Renamo é que pode pôr tudo a perder “esses irmãos por vezes ficam lá porque quando chegam aqui você começa a dizer, esses aqui, esses aqui, e quando perguntei agora alguns não estão aqui vocês ficaram preocupados aqui. Temos que viver juntos. Há algum problema de alguém que está ai que é moçambicano ouviu que o Presidente do país dele está aqui ele deixar arma dele e vir ouvir reunião aqui, há problema? Não assim como devemos viver?” questionou Nyusi que antes teria dito que tinha a certeza que estavam naquele comício muitos homens armados da Renamo que deixaram suas armas e foram ali ouvi-lo na qualidade de Chefe de Estado e que isso é o que o país precisa.

Manica diz estar a crescer

O governo da província de Manica disse no seu informe que a província cresceu em 18,6% em 2017 e que no primeiro semestre de 2018 o crescimento situou-se em 9,1%. A agricultura é a responsável pelo crescimento da província pois registou um crescimento de 15% em 2017 e 4,4% no primeiro semestre deste ano. A comercialização agricola esteve igualmente acima do previsto ao registar mais de 133% do que estava previsto vender e representou uma variação de 28% em relação ao ano de 2017.

A madeira e seus derivados é o produto que mais foi exportado a partir da província de Manica representando 83% de total das exportações, os produtos agrícolas 6% e os restantes produtos 11%. A China foi o principal destino com 72%, seguido da África do Sul com 13%, Zimbábwè com 11%, Reino Unido e Holanda com 1% e 2% respectivamente.

A produção mineira esteve também em destaque tendo a província produzido em 2017 92, 41 quilogramas de ouro, este ano a produção atingiu 62,82 quilogramas.

 

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