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Fiilpe Nyusi defende na ONU acção urgente contra o alastramento do terrorismo

O Presidente da República diz que o alastramento do terrorismo, sobretudo em África, é uma ameaça que requer uma resposta urgente. Filipe Nyusi falava, hoje, numa sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, por si dirigida.

Moçambique termina, este mês, os 30 dias da sua presidência no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde é membro não-permanente até Janeiro de 2025. Esta terça-feira, o Presidente da República, Filipe Nyusi, presidiu a uma sessão especial sobre o terrorismo e extremismo violento.

“O combate ao terrorismo representa ainda um desafio na consolidação de espírito de solidariedade entre os povos-Estados devido ao seu carácter e à sua imprevisibilidade quanto ao local, momento de ocorrência e potenciais alvos por atingir”, afirmou Filipe Nyusi, Presidente da República. 

De acordo com Filipe Nyusi, questões socioeconómicas e o crime organizado continuam a tornar o terrorismo consistente, e urge uma resposta firme ao mal.

“O alastramento do terrorismo é bastante ameaçador e é impulsionado por factores que variam de contexto para contexto. Por um lado, a doutrinação radical movida por intolerância e, por outro lado, a manipulação de factores socioeconómicos têm acelerado o recrutamento, sobretudo de jovens para os grupos terroristas. A associação do terrorismo ao crime organizado transacional tem concorrido para a sobrevivência e expansão dos grupos terroristas”, sustentou Nyusi.

O Estadista moçambicano apresentou dados sobre o terrorismo no país, nomeadamente em Cabo Delgado, mas também no continente, indicando que o Índice Global de Terrorismo de 2022 dá conta de que África contribui com cerca de 48% das mortes relacionadas ao terrorismo.

Nyusi usou o debate de alto nível para propor uma revisão da estratégia contra o terrorismo global. Esta reforma visa estabelecer um fundo para fortalecer iniciativas locais, como projectos de geração de empregos para a juventude, particularmente em África e no Médio Oriente.

“Além disso, gostaríamos de propor que seja considerado um fortalecimento da cooperação entre o Conselho de Segurança e o Conselho de Paz e Segurança da União Africana e blocos regionais, a fim de impedir a propagação e consolidação do terrorismo no continente africano”, apelou Nyusi.

O Presidente da República terminou a sua intervenção com um apelo à comunidade internacional, de modo a ajudar a reestruturar a dívida externa de Moçambique e facilitar o acesso a financiamentos mais baratos aos países mais pobres e mais expostos ao risco do terrorismo.

“Para esse fim, o sistema financeiro internacional precisa de ser transformado pela reforma das instituições financeiras multilaterais”, defendeu.

O Secretário-Geral da Organização Nações Unidas, António Guterres, mostrou-se preocupado com o alastramento do terrorismo e garantiu apoio à África para acabar com o mal.

“Estou profundamente preocupado com os ganhos que os grupos terroristas estão a obter no Sahel e em outros lugares. A trilha do terror está a alargar-se, com combatentes, fundos e armas fluindo cada vez mais entre as regiões e por todo o continente e com novas alianças sendo forjadas com o crime organizado e grupos de pirataria”, alertou Guterres.

António Guterres disse, também, ter testemunhado uma determinação dos líderes africanos para enfrentar a ameaça do terrorismo em evolução, dando como exemplo a recente Cimeira Extraordinária da União Africana sobre o terrorismo e mudanças inconstitucionais de Governo.

“Assim como o terrorismo separa as pessoas, enfrentá-lo pode unir os países. Vemos isso em toda a África, que abriga várias iniciativas regionais de combate ao terrorismo. De esforços conjuntos no Sahel, na bacia do Lago Chade, em Moçambique e além. As Nações Unidas estão com África para acabar com este flagelo”, avançou António Guterres.

Desencorajar o financiamento ao terrorismo deve, na óptica do presidente da União Africana, ser o caminho a seguir para estancar o problema em África.

“Um dos factores que contribuiria para deter a expansão do terrorismo seria uma maior atenção às abordagens preventivas. Gostaria, portanto, de exortar o Conselho de Segurança da ONU a redobrar os seus esforços e a reforçar a cooperação entre a União Africana e as Nações Unidas para que a prevenção seja menos dispendiosa a longo prazo”, apelou Azali Assoumani, Presidente da União Africana.

O presidente da União Africana pediu, ainda, um financiamento mais previsível, flexível e sustentado em prol das operações de manutenção da paz da União Africana, e instou à criação de centros de combate ao terrorismo a nível regional para apoiar os esforços nacionais em termos de prevenção e combate ao mal.

“Precisamos, especialmente, de garantir que actuamos de forma mais global, mais forte, de forma mais coordenada, sejamos mais inovadores e que estejamos lado a lado se quisermos erradicar este flagelo”, concluiu Assoumani.

A sessão desta terça-feira decorreu sob o lema “Ameaças à paz e segurança internacionais causadas por actos terroristas”.

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