A Federação de Ginástica de Moçambique tem o material desportivo doado pela Federação Internacional da modalidade retido no Porto de Maputo há um ano. A agremiação acusa a Secretaria de Estado do Desporto de não estar a contribuir para o desalfandegamento.
A Federação de Ginástica de Moçambique recebeu, no quadro de apoio aos países em desenvolvimento, diverso material e equipamento de ginástica doado pela Federação Internacional da modalidade, tendo em vista a promoção e massificação desta modalidade.
O referido material serviria para apetrechar o ginásio da Faculdade de Educação Física da Universidade Eduardo Mondlane, Ferroviário de Maputo e Escola Secundária Francisco Manyanga.
Sucede que o material, que está no país desde Outubro de 2021, ainda se encontra no Porto de Maputo, aguardando pelo seu desalfandegamento por parte da federação.
Não estando em condições para o processo, a Federação de Ginástica de Moçambique emitiu uma carta à Secretaria do Estado de Desporto (SED) e ao Fundo de Promoção Desportiva (FPD), que, através do Ministério da Economia e Finanças, desembolsou um valor de mais de 500 mil Meticais, que, no entanto, não foram suficientes devido às multas acumuladas.
O presidente da agremiação, Obed Chivonza, diz que a instituição que dirige fez várias démarches juntos à SED, no sentido de garantir que o material fosse reclamado. Acontece, porém, que todos os esforços empreendidos não estão a resultar.
“Desde lá até agora, a federação tem feito contactos com a Secretaria de Estado de Desporto, tendo em vista conseguir uma fonte de financiamento. Sucede que não estamos a ser respondidos. Todas as nossas cartas até agora ainda não têm resposta”, disse Obed Chivonza.
Para Chivonza, o material em causa é de grande valor, na medida em que vai contribuir para a massificar e impulsionar o crescimento da modalidade no país. Diz ainda que o referido material não vai beneficiar apenas à federação, mas sim a uma nação inteira. Alerta que, com este material, o país passará a ter credenciais para receber e organizar campeonatos internacionais de ginástica, assim como poderá contribuir para formar atletas de alto rendimento.
MATERIAL PODERÁ SER LEILOADO
A Federação de Ginástica de Moçambique recebeu uma nota dando conta de que o material retido no Porto de Maputo poderá ser vendido em hasta pública ou mesmo ser destruído, uma vez que não está a ser reclamado. A agremiação acumulou uma dívida de mais de um milhão de Meticais em multas.
E porque não tem dinheiro para proceder com o desalfandegamento do mesmo, a federação apela ao empresariado moçambicano para que estenda a sua mão, tendo em conta que as entidades governamentais, sobretudo a Secretaria de Estado do Desporto, não se mostram disponíveis a encontrar uma solução para este imbróglio.
“Já batemos a muitas portas, mas, até ao momento, nenhuma delas se abriu. Estamos de mãos atadas, porque nós, como federação, não temos capacidade financeira para proceder aos processos fiscais”, apela Obed Chivonza, alertando que o facto de o Estado moçambicano não estar a conseguir reclamar o material mancha, de certa maneira, a imagem do país a nível da Federação Internacional de Ginástica, organismo que fez todo o esforço para ajudar o desenvolvimento da modalidade no país.