No campo do Afrin, na Machava, debaixo de um sol abrasador, mais de 110 adolescentes e jovens dão os primeiros passos de aprendizagem de novas abordagens técnico-tácticas, rigor e disciplina nas quatro linhas.
Um processo de transmissão de novas ferramentas que irão permitir aos aspirantes a grandes estrelas mundiais de futebol, pertencentes a associação Black Bulls, assimilar processos essenciais para o desenvolvimento das suas habilidades. E qualidades, diga-se.
E, acima de tudo, quando a Academia da Dragon Force estiver instalada em Moçambique, em 2019, realizar testes no FC Porto e, caso mostrem valor, assinar contractos profissionais.
Victor Moreira, um dos técnicos da Dragon Force, acompanhado por outros “coachs” moçambicanos, interrompe sempre que se justifique os treinos para fazer a correcção dos movimentos dos jovens que procuram convencê-lo de que vale a pena contar com eles.
São atletas dos escalões sub-15, sub-17, sub-19 e sub-21, portanto, quatro equipas que alimentam o projecto “Black Bulls”, que dão o seu melhor para singrar num dos melhores clubes de Portugal. E querem fazer parte da lista restrita deste projecto de deteção de talentos em vários cantos do mundo.
“Já cá estivemos, efectivamente, com o projecto ´caça talentos´ em 2016. Desde então, foram desenvolvidas conversaçées com parceiros cá em Moçambique para voltarmos para ficar. Agora, estamos cá para iniciar o projecto da Dragon Force aqui em Moçambique”, começou por explicar Victor Moreira. E acresceu: “vieram cá comigo dois treinadores que ficarao a residir em Moçambique.
Iremos iniciar o projecto de imediato com a liderança de quatro equipas que existem no clube parceiro, `Black Bulls´, e, posteriormente, em 2019 já vamos preparar tudo com estes treinadores cá para arranca em força a nossa escola em Moçambique ".
Adiante, Victor Morreira explicou que mesmo com as instalações onde estará baseado o projecto ainda por concluir, há um trabalhado que está já a ser feito: “Iremos, no entanto, começar a trabalhar desde já com os jogadores que temos para desenvolver talento para os preparar de modo a que, em primeira instância, possam representar as selecções nacionais de Moçambique. Depois, vamos trabalhar para que estejam preparados com ferramentas que permitam ir ao FC Porto prestar provas para verificar se tem potencial para ficar lá”, notou.
FUTEBOL E ESCOLA DE MÃOS DADAS
Para já, a prioridade passa por concluir os dois campos que terão relva sintética e natural e que servirão para desenvolver as actividades da Dragon Force. Junaide Lalgy, patro da associação “Black Bulls”, assegurou que para além da componente desportiva estará salvaguarda a formação estudantil dos atletas inseridos neste projecto. “Uma das condições para integração no projecto ´Black Bulls´ é que os jovens estejam a estudar. Portanto, nós damos um subsídio de transporte e de escola para eles pagarem as suas propinas. Acreditamos que só dessa forma é que se pode ter o homem do amanhã”, explicou Juanide Lalgy, patrono do projecto.
Lalgy avançou, por outro lado, que se está a “formar uma equipa para acção social” uma vez que maior parte dos jovens “vive numa situação precária”. A ideia, segundo Lalgy, passa por “aproximarmo-nos às suas famílias e dotá-las do mínimo de condições, reabilitação das suas casas e criação de condições para eles possam sentir-se a vontade e concentrarem-se naquilo que é o seu objectivo que é a formação escolar e desportiva”. A Associação Black Bulls movimenta os escalões sub-15, sub-19, sub-19 e sub-23. A escola Dragon Force está em Bogotá, na Colômbia; Toronto, no Canadá, Moscovo, na Rússia, Valência, na Espanha, entre outros pontos do planeta.