Moçambique deve tirar maior proveito de grande parte da sua terra, até aqui não usada, para responder às necessidades alimentares da população cada vez crescente, defende o representante da FAO em Moçambique. Hernani da Silva falava a propósito do Dia Mundial da População que se celebra hoje.
Dia-após-dia cresce a população mundial a uma velocidade rápida e fica cada vez mais difícil responder as suas necessidades, tanto alimentares, como de serviços diversos.
Após atingir o marco histórico 5 biliões de pessoas em 1987, as Nações Unidas estimam que a população mundial em 2019 era de 7.5 biliões. O número poderá atingir 8.5 biliões, em 2030 e cerca de 9.7 biliões em 2050.
Como alimentar tanta gente? Para responder a essa questão e no âmbito do Dia Mundial da População, que se assinala neste sábado, fomos ouvir a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, FAO.
De acordo com o representante residente da organização em Moçambique, Hernani da Silva, os desafios a nível mundial continuam grandes, daí que sugere que os países aumentem significativamente a produção e produtividade.
Para o caso de Moçambique, país cujo maior parte da população, ou seja, 66.7 % vive nas zonas rurais e cerca de 75% tem como fonte de renda a agricultura, a FAO considera que a situação ainda é preocupante, atendendo os níveis de insegurança alimentar e desnutrição que afecta a mais de 40% da população.
Diante desse cenário e atendendo que a população tende a crescer rapidamente, estimando-se que, segundo projecções do INE, a população moçambicana poderá aumentar dos actuais cerca de 29.3 milhões para cerca de 33.2 milhões em 2025, o representante da FAO sugere o uso efectivo da terra.
Embora tenha esse potencial, o país continua a importar cerca de 30 por cento dos produtos que consome. Porém, Hernani da Silva vê uma luz no fundo do túnel, com a alocação do Governo de 10% do Orçamento ao sector agrícola, mas diz ainda não existirem elementos para análises profundas dessa decisão.
Alimentar a população cada vez crescente não é o único desafio da população moçambicana. O Fundo das Nações Unidas para a População, através da sua representante, Andrea Wojnar, alerta que a pandemia da COVID-19 que é um dos principais desafios da actualidade poderá afectar negativamente as mulheres grávidas e os bebés recém-nascidos.
Outro desafio da população moçambicana cada vez crescente, segundo o Fundo das Nações Unidas para a População, é o acesso aos hospitais, principalmente, nas zonas de ataques armados na província de Cabo Delgado.
O Dia Mundial da População é celebrado todos os anos a 11 de Julho, como forma de chamar atenção sobre a importância de planeamento e desenvolvimento populacional. O evento foi criado pelas Nações Unidas em 1989, após certificar-se que no mundo existiam de 5 biliões de pessoas em 1987.