Famílias chegam a passar quatro dias sem tomar uma refeição na província de Gaza. Muitos recorrem a tubérculos aquáticos e farelo de milho para escapar da fome no distrito de Massingir. São os efeitos do fenómeno El-Niño. Em Gaza 400 mil familias precisam de assistência alimentar urgente.
Campos de produção arrasados pela seca, celeiros vazios, homens, mulheres e crianças abatidos pela fome, face da passagem da pior seca dos últimos três anos em Mucatini e Massingir, província de Gaza.
“Estamos a quatro dias sem passar refeições, passamos fome por estes dias, essa a minha maior inquietação”, revelou Castigo Macovele, residente daquela localidade.
Por ali tudo está seco. Com 34 anos, Castigo Macovele tem oito filhos e duas esposas: Maria Matavele e Marta Filomene, esta última está grávida de 8 meses. Há 4 dias que Castigo e sua família não têm uma refeição condigna para um ser Humano. Sem muitas opções, recorreram a tubérculos aquáticos extraídos de um lago nos arredores da comunidade para alimentar as crianças.
“Estamos a quatro dias sem comer nada. Temos de ir à Lagoa de Dzedjefa em busca de tubérculos para nossa alimentação”, disse uma residente.
Até as culturas tidas como resistentes à seca cederam à estiagem que fustiga as populações desta parte de Gaza
António Silva, 60 anos, sempre viveu do que tirar do seu pedaço de terra, mas já lá vão três anos consecutivos que nada produz. Silva diz se impotente perante a fome que abala a sua família há dias. “Uma semana sem uma refeição, estamos a passar mal”, conclui.
O pequeno pastor de Gado, de 12 anos, viu seus estudos deixados para trás para seguir em frente na luta contra a fome.
“Minha mãe obrigou-me a abandonar a escola para pastar gado, mas eu gostaria de voltar a estudar, meu sonho é ser professor”.
Para minimizar a situação das famílias, o Governo e parceiros providenciam apoio alimentar a 400 famílias nos distritos Massingir e Massangena,uma gota no meio do oceano, pois, estima-se que mais de 400 mil famílias necessitam de assistência alimentar urgente em Gaza.