É uma realidade fácil de constatar em vários pontos da Cidade de Maputo. A poluição ambiental provocada pela urina deliberada está a ficar fora do controlo das autoridades municipais.
Quando não é possível se esconder junto de um contentor para urinar, os transeuntes aflitos recorrem às árvores, postes e pilares de painéis para espalhar imundície.
Algumas pessoas revelaram ao “O País” que a situação se deve à falta de sanitários na via pública. “É pouca vergonha a realidade da Cidade de Maputo. Não há casas de banho nas paragens, daí que, eu recorro aos contentores”, disse Nunes Emílio.
Para as mulheres, a situação é mais crítica. “Imagine eu de calças, e no meio desta multidão, como é que posso fazer para encostar num contentor ou numa árvore para urinar? O melhor é tentar assegurar-me até chegar à casa, mas para os homens é mais fácil. Se tivesse sanitários, em todas as paragens, nem os homens nem as mulheres urinariam de qualquer maneira”, sustentou Lola Mangahe.
O ambientalista Aguiar Baquete entende que o problema da poluição, por via da urina, tem duas caras, nomeadamente o utente e o gestor da urbe. “Muitas vezes as pessoas praticam estas atitudes por falta de locais próprios onde possam satisfazer as suas necessidades, mas não justifica a acção. Daí que, podemos fazer duas abordagens: uma, é procurar saber o porquê e a outra é procurar saber o papel do gestor da urbe. Acrescentando, saliento os riscos causados por esta poluição, a começar pelo pudor, a exposição da imagem da pessoa, a contaminação dos solos, as doenças, entre outros”, afirmou Baquete.
O artigo 49 da resolução 15/2004, sobre a postura camarária, proíbe que se urine ou que paute por práticas de fecalismo a céu aberto. Porém, na Cidade de Maputo, esta medida é totalmente ignorada. Aliado a este contexto, O conselho municipal diz não haver justificação para tais práticas.
Rute Massingue, da repartição de fiscalização do Conselho Municipal de Maputo, afirma que nas paragens existem sanitários, mas sob gestão do sector privado. Massingue garantiu estar em curso um trabalho com vista a acabar com a situação. “Temos muitos sanitários públicos, mas que estão na gestão do sector privado, para além de outros locais como as bombas de combustíveis, restaurantes, lanchonetes e outros locais onde as pessoas podem recorrer para se aliviarem das necessidades biológicas. Por isso não se justificam estas práticas”, disse.