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Falta de higiene nos mercados da Cidade de Maputo pode propiciar alastramento da cólera

Foto: O País

Nalguns mercados da Cidade de Maputo, continuam a ser ignoradas as medidas de prevenção da cólera. Produtos de pronto consumo são comercializados sem protecção, o que expõe o consumidor ao risco de infecção pela cólera.

As medidas de prevenção da cólera são bem conhecidas e a médica Edna Soares lembra-nos: os alimentos devem ser bem tapados e bem cozinhados, lavar muito bem os legumes e as frutas; lavar muito bem as mãos com água e sabão ou cinza; evitar consumir água imprópria e garantir o saneamento do meio.

No sector informal do mercado Xipamanine, o maior retalhista da Cidade de Maputo, encontrámos um cenário propício para a inclusão da cólera. No entanto, há vendedores que estão informados sobre como prevenir a doença: “Para prevenir a doença em caso de estar a preparar a alface, tenho que lavar três vezes com água limpa”, disse Sidónia Manuel.

Entretanto, nem todos os vendedores e consumidores seguem as recomendações da saúde. Uma vendedeira tem o seu pão totalmente exposto. E quando questionada sobre tal prática, reagiu com desagrado: “Nós não gostamos disso, não temos condições, há pessoas que podem responder sobre o que nos estão a perguntar”.

Ao virar da esquina ainda no Xipamanine, vê-se um outro cenário de imundície: o contentor de lixo está cheio e transbordou. No mesmo local, vendem-se pão e chá, consumidos imediatamente.

“Acompanho o problema da cólera, mas não tenho como esconder-me, porque estou sempre aqui”, disse Joshua Munguandi, tendo, depois, acrescentado: “Não há como não ter medo, mas vou fugir para onde porque é aqui onde vendo? Se eu ‘fugir’, em casa não terão pão”.

A falta de saneamento do meio propicia a ocorrência e propagação da cólera e foi o que se notou no mercado Xipamanine.

“Como acabar com isto, está a ver isto? É possível acabar com a cólera assim?” – são questões de um consumidor que denotam que é necessária uma acção para travar a propagação da cólera.

No mercado Xiquelene, o cenário repete-se: produtos de pronto consumo são manuseados e vendidos sem protecção. As frutas não escapam e, por isso, é exigido aos seus vendedores e consumidores a adopção de medidas redobradas de higiene.

Dados do Ministério da Saúde, divulgados este sábado, indicam que houve, em todo o país, 164 novos casos de cólera, 214 altas e nenhum óbito.

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