Há insurgentes infiltrados nos centros de reassentamento de deslocados em Cabo Delgado. A informação é revelada por um estudo realizado pelo Instituto para o Desenvolvimento Económico e Social, que aponta ainda haver falta da presença do Estado nas zonas afectadas pela guerra.
A pesquisa, que foi feita em dois meses, revela alguns problemas enfrentados pelas populações que vivem nos centros de reassentamento dos deslocados em Cabo Delgado.
Apresentado pelo Instituto para o Desenvolvimento Económico e Social (IDES), uma organização da sociedade civil, o estudo aponta algumas preocupações contadas pelas vítimas da guerra.
De acordo com o director-executivo da organização, Fidel Tereciano, o terrorismo em Cabo Delgado já ganha uma outra conjuntura.
“Já começam alguns grupos a dispersar-se entre si sem grandes recursos para a sua sustentabilidade e começa aquilo que chamamos de pequenos ataques”, disse Fidel Tereciano, tendo acrescentado que “o estudo identificou a questão de ‘Estado padrasto’, porque, se o terrorista consegue dar óleo para cada deslocado ou cada família e o Estado não proporciona isso, as pessoas começam a medir quem realmente está a caminhar com elas”.
Os dados da pesquisa colectados nas províncias de Cabo Delgado, Manica e Nampula revelam que, devido à ausência de serviços básicos, as populações ficam mais vulneráveis e chegam a aliar-se aos insurgentes.
“Primeiro, ao mesmo tempo que as pessoas pensam em voltar às suas zonas de origem, entendem que não há segurança; em segundo lugar, a população não consegue ter o essencial para a vida, desde a habitação, alimentação e água.”
A pesquisa aponta um terceiro elemento que tem a ver com a falta de limpeza dos corpos ao longo das zonas afectadas.