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Estudantes reclamam de péssimas condições na Escola de Pesca

Foto: O país

Estudantes da Escola de Pesca queixam-se de péssimas condições e falta de alimentação na instituição de ensino. A directora da escola reconhece o facto e diz que os estudantes não pagam os mil Meticais que correspondem à taxa de internamento.

Mais de 200 estudantes da Escola de Pesca, na Província de Maputo, resolveram quebrar o silêncio e falar dos problemas da instituição que os apoquentam há mais de um ano. “Nós, do curso de aquacultura, não sabemos o que é ter aula prática no campo, não sabemos o que é ter estágio. Submetemos credenciais para fazer um estágio profissional fora, após o primeiro ano, e todas as saídas foram recusadas, tendo sido alegado que o tempo não cobriria o cultivo da tilápia. A única coisa que nos foi dada pela instituição como estágio é capinar os campos e limpar os taludes. Somos estudantes do segundo ano, mas não sabemos lançar um anzol na água”, informaram os estudantes.

Por sua vez, Estela Maússe, directora da escola, nega as acusações e afirma que a escola fez parcerias com algumas empresas para os ajudar nas aulas práticas: “Não é bem verdade, porque a maneira de colmatar esse nosso défice foi mesmo esta, das parcerias. O maior défice que nós encontramos é na navegação e na pesca, porque, para uma viagem de pesca, é [necessário] muito dinheiro e combustível”.

Entretanto, os estudantes partilharam imagens que  ilustram um congelador com apenas água, e panelas usadas para confeccionar alimentos em péssimas condições.

Os estudantes relatam que não têm refeições que cheguem para todos há mais de um ano.

“Quando a comida acabou, reuniram-nos e disseram que vamos ter que suportar, que devíamos pedir apoio aos nossos pais. Perguntámos como é que faríamos tal coisa, pois se lhes ligarmos, vão pensar que estamos a mentir. Pelo que dissemos que eles é que deviam ligar, pois deixámos os números no processo. Sugerimos que eles dissessem que precisam de ajuda porque não vão conseguir dar-nos alimentação. Estamos aqui desde 2020, estamos considerar que não comemos”, revelaram os estudantes.

Maússe reconhece o facto e diz que os estudantes não pagam a taxa de internamento, mas a instituição criou machambas para reforçar a alimentação.

“O que acontece é que os estudantes não querem pagar a taxa de internamento. Quem está a fazer estas denúncias anónimas é, certamente, aquele que não quer pagar a taxa de internamento, alegando que tem que se alimentar fora. Tendo consciência que de facto os valores não são suficientes para a nossa alimentação, temos a machamba escolar, temos acrescido a nossa dieta alimentar com recurso à machamba”, acrescentou Maússe.

A directora da Escola de Pesca afirmou ainda que o Ministério tem um plano desenhado para expandir a instituição de ensino para as zonas Centro e Norte do país.

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