Exaltação pela Independência, carências que exigiam muita imaginação para serem supridas, produziram várias estórias, bonitas e impensáveis para os nossos dias, que importa recordar:
A solução dos “ex”
1. Vivia-se a euforia da recém-conquistada Independência Nacional, quando num comício, o Presidente Samora Machel orientou a Nação em geral e os desportistas em particular:
– “A partir de hoje, não há mais Sportings, Benficas ou Portos. Nomes tribalistas como Inhambanense ou Gazense, acabaram. Também deixam de existir designações de carácter religioso, como Mahafil Isslamo ou Atlético Maometano. Escolham nomes nacionais e que não criem divisionismo". A ordem vinha do Chefe de Estado e era para ser cumprida.
Mas porque havia que informar sobre o programa de jogos do dia seguinte, como designar aquelas colectividades, se já não se poderiam utilizar os recém-banidos nomes?
A Redacção desportiva do Notícias, recorreu ao então Director Nacional do Desporto, João Carlos e depois à Ministra da Educação, Graça Machel, que dirigia o pelouro desportivo. A resposta: arranjem uma solução, mas esses nomes não podem ser usados.
A saída veio do velho jornalista, o falecido Albuquerque Feire. Ele propôs a inclusão do “ex” antes dos times visados. E assim foi. A partir daí, passavam a jogar o ex-Sporting, contra o ex-Benfica, no campo de ex-Mahafil. Nas classificações, os ex- eram mais que muitos.
O bom humor do poeta Craveirinha
Ai que saudades, do imbondeiro da poesia, mas também do desporto, José Craveirinha, “descobridor” de Lurdes Mutola! Aí vai uma estória desse adepto ferrenho do Desportivo. Disse-me ele um dia:
”Ó amigo Caldeira. Sabe que em Tete, fundaram o Clube da Justiça”?
Sei sim. E o que isso tem de mal?-
Quer dizer que agora eu posso entrar em campo e… driblar, legalmente, um juiz?
Só a deslocação do ar…
Há uns anos tivemos um pugilista do Matchedje, poderoso mas um tanto medroso. No Pavilhão do Estrela, foi-lhe oposto o campeão da então União Soviética, um “bicho” daqueles que do queixo para baixo, é tudo músculos. Pois o nosso representante, após as primeiras trocas de socos, estatelou-se no chão.
No regresso ao balneário, o então Presidente da Federação de Boxe, questionou: “ó amigo, mas aquele murro, nem sequer te acertou!
A resposta do pugilista: “e era preciso? Só aquela deslocação de ar”…
Um árbitro “todo-o-terreno
À recém-nomeada primeira Comissão Nacional de Árbitros, chegou da CAF a primeira oportunidade para a designação de uma equipa de arbitragem moçambicana para uma prova continental. Grande euforia. O trio foi escolhido, enviaram-se os nomes para o Ministério da Educação que então tutelava o desporto, para a emissão das passagens.
A Secretária-Geral 'uma “unhas-de-fome” que reduzia sempre o número de candidatos às deslocações e porque não entendia nada de futebol, deu o seguinte despacho:
– Por questões orçamentais só poderá viajar uma pessoa. Foi difícil explicar que o designado, não poderia dirigir uma partida com o apito na boca e duas bandeirinhas, controlando penalties e foras-de-jogo ao mesmo tempo!
A moda do… obviamente
Há palavras que entram na moda e que até os locutores usam e abusam. É o que aconteceu com o… obviamente.
Vai daí que um dos nossos reputados homens do microfone, numa determinada fase do jogo, grita, emocionado, que o jogador “xis” fez uma boa jogada, passou por todos, rematou e… “obviamente, a bola foi para fora”…