Dois estaleiros da transportadora Nagi Investimentos foram encerrados em Nampula em cumprimento de uma ordem de penhora do tribunal. Em causa está uma indemnização de 7 milhões de meticais que não foi paga, referente a um processo de um acidente de viação que deixou duas pessoas mutiladas.
Neusa Massapa tem 38 anos de idade. A professora de profissão ainda luta para superar o trauma causado por um acidente de viação ocorrido a 19 de Março de 2019, envolvendo um autocarro da transportadora interprovincial Nagi Investimentos.
“Nós vínhamos reclamando que a velocidade era excessiva; ele nunca respeitou e a resposta era sempre ‘quem não quer viajar que desça’ e com os conflitos que temos é difícil descermos a meio do caminho de Cabo Delgado. Então, tínhamos que suportar com a velocidade que levava, mas quando chegou em Namapa, naquela curva, para quem sai da vila, ele não conseguiu contornar e acabou tombando”, lembra-se Neusa Massapa, vítima do acidente e parte do processo judicial.
Os danos causados a si e a mais pessoas são para toda a vida. A professora ficou sem o braço direito e até hoje continua a tentar adaptar-se para usar o braço esquerdo.
“Mudou tudo; é braço direito. Eu sou professora. Tenho trabalhos que tenho feito que requerem a mãe direita e que hoje não consigo fazer”.
A lesada e mais outro passageiro que também perdeu o braço direito decidiram abrir um processo no tribunal judicial do distrito de Erati, local onde aconteceu o acidente. Perante os factos, a transportadora foi condenada a pagar uma indemnização de 7 milhões de meticais a favor das duas vítimas mutiladas, mas na data prevista a mesma não foi paga.
Com o incumprimento, a defesa dos lesados arrolou o parque da Nagi Investimentos na cidade de Nampula para a penhora.
Esta quarta-feira, os advogados das partes e os oficiais de justiça estiveram no local para executar a decisão. Depois de um acordo mútuo, decidiu-se pela penhora de dois estaleiros secundários.
“Em termos práticos, os exequentes têm uma garantia de que a indemnização será paga; os parques vão servir de garantia de cumprimento desta garantia de indemnizar”, explicou Coutinho Cuanhiua, advogado das vítimas.
No caso, o pagamento dos 7 milhões de indemnização deverá ser feito dentro de duas semanas. Os advogados da empresa não quiseram falar.