A presidente da AR visitou 382 famílias retiradas das zonas afectadas pelo ciclone tropical Freddy, em Quelimane, para o bairro de reassentamento de Nametangurine, no distrito de Nicoadala. A número um do Parlamento apelou a construções resilientes a fenómenos naturais e à tomada de medidas de prevenção contra a cólera.
Os efeitos do ciclone tropical Freddy forçaram a movimentação de 382 famílias da cidade de Quelimane para o bairro de reassentamento de Nametangurine, no distrito de Nicoadala. Espera-se que as referidas famílias fiquem definitivamente no local em que foram reassentadas e não regressem às zonas de origem.
Rita Francisco, que residia no bairro Sangariveira, em Quelimane, conta que perdeu tudo o que tinha e que o desafio do momento passa por reconstruir a vida no bairro em que foi reassentada, onde pelo menos 53 tendas já foram montadas para albergar as famílias.
“Estou aqui com a minha família. O ciclone fez-me perder tudo o que tínhamos construído com sacrifício. Embora precária, tínhamos casa e diversos bens. Tudo se foi com a força da chuva e ventos fortes. Estamos a passar por dias difíceis, porque já não estamos a viver como vivíamos. Aqui estamos a ter apoios em alimentos, mas não é bastante para a nossa satisfação. Faltam catanas, enxada e muito mais, para desenvolvermos as nossas vidas”, disse Rita Francisco, quando cozinhava “chima” e feijão para a sua família, próximo à sua tenda.
Abílio Sandaca, outro residente de Nametangurine, que chegou àquele bairro aquando das enxurradas de 2015, conta que a vida se complicou com a passagem do ciclone tropical Freddy.
“Perdemos tudo o que nós já tínhamos construído. Estamos a viver uma situação de fome aqui, porque não temos nada. A nossa produção foi afectada e a nossa casa caiu. Os dias são difíceis; estamos a viver de qualquer maneira”, disse.
A presidente da Assembleia da República (AR), Esperança Bias, visitou os afectados pelo ciclone Freddy nos distritos de Nicoadala e Namacurra, na província da Zambézia. Da sua delegação fizeram parte os chefes das bancadas da Frelimo, Sérgio Pantie, e da Renamo, Viana Magalhães, que se mostraram solidários com a população.
“Nós, os 250 deputados que fazemos a Assembleia da República, fomos chamados pela presidente da Assembleia (da República) a doar um dia de salário para apoiarmos as famílias. Paralelamente a este gesto, a nossa bancada, da Frelimo, vai reforçar o apoio com mais um dia de salário para confortar as famílias”, disse Sérgio Pantie.
Já Viana Magalhães fez saber que, recentemente, os deputados da sua bancada, com destaque para o círculo eleitoral da Zambézia, doaram produtos alimentares e que mais apoios vão continuar a ser feitos para o bem da população.
A presidente da Assembleia da República conversou com muitas famílias reassentadas em Nametangurine para compreender as suas condições de vida. Às crianças apelou para o gosto pela escola e aos adultos para repensarem o modelo de construção de casas resilientes aos fenómenos naturais.
“Temos que pensar em casas que resistam a ventos fortes. Nós tivemos ciclones anos atrás, voltamos a tê-los este ano e, provavelmente, nos próximos momentos, voltemos a ser assolados. Se as nossas casas não forem resistentes, vamos continuar a sofrer”, exortou Esperança Bias.
Na mesma ocasião, a número um do parlamento moçambicano instou à higiene individual e colectiva, para evitar a cólera, doença que está a ser combatida em zonas de grandes focos, como Quelimane, através da vacinação. Espera-se que, a breve trecho, as zonas de reassentamento também tenham acesso ao processo.
Esperança Bias também se inteirou dos trabalhos de reposição da tubagem sobre o rio Domela, que assegura o fornecimento de água à cidade de Quelimane. Pelo menos 260 mil clientes estão com restrições no fornecimento do precioso líquido. A infra-estrutura danificou-se pela quarta vez e o esforço passa pela reposição.
Até ao fecho da nossa reportagem, os trabalhos já tinham sido concluídos e decorria processo de enchimento dos reservatórios da cidade de Quelimane.