Doze dos 15 bairros da cidade Xai-Xai, província de Gaza, enfrentam problemas da erosão. A situação agrava-se com a chuva e muitas casas ficam inundadas. Entretanto, o presidente daquele município diz que não tem dinheiro para combater o fenómeno.
Uma disposição geográfica que mergulhou 12 bairros da cidade de Xai-Xai, província de Gaza, na erosão e condenou milhares de famílias a inundações.
O percurso no bairro Patrice Lumumba é feito em meio a buracos que, nos dias de chuva, são um caminho das águas que se abrigam nas residências.
A casa de Amélia José, por exemplo, não só está na boca da erosão, como também numa zona baixa e os residentes só vivem tranquilos na ausência da chuva.
“Quando chove, tudo fica inundado. Usamos barcos para circular enquanto vamos diminuindo a água dentro de casa para poder dormir”, contou Amélia, residente do bairro Patrice Lumumba em Xai-Xai.
Amélia José tem 47 anos e vive na zona baixa do bairro Patrice Lumumba com os seus netos e filhos. Ergueu a sua casa na década 90 e sabe que as inundações são agravadas pela erosão.
“Outra água vem da zona alta e inunda as nossas residências que se encontram na zona baixa. Há muita erosão. Em todo o percurso onde passavam as viaturas, já não o podem fazer, porque está tudo esburacado. Os buracos pioram as inundações, porque a água passa pelos buracos até chegar às nossas casas”, disse Amélia.
Só para se ter uma ideia, quando a chuva cai intensamente, são aqueles barcos, destinados à venda, que movimentam esta família de um lado para o outro e os vizinhos que precisam de ajuda.
“Quando chove, toda esta zona fica inundada. Tomamos os bidões para buscar a água na torneira e ajudamos os que pretendem atravessar de um lado para o outro. Isto sucede, igualmente, do lado da escola”, narrou Hélder Martins, neto de Amélia José
Esta realidade é do conhecimento das autoridades locais, porém nada mais se faz, senão alistar as famílias afectadas, ciclicamente, por inundações e a senhora de 45 anos não lhes atira a culpa, porque “podem ter nada, mas aparecem”.
Faz-se a listagem dos que são, ciclicamente, afectados pelas inundações, mas os moradores de Xai-Xai queriam que o município fosse mais interventivo para travar a erosão.
“A erosão é um problema sério, porque, quando chove, toda a água, que vem da zona alta, desce por estas ruas e piora a situação. Por esta zona, os carros não têm passagem e o município não está a ajudar”, apontou um dos residentes do bairro Patrice Lumunba em Xai-Xai, secundado por Janete Okeyo que acrescenta que espera que “a rua seja pavimentada, porque passamos mal sempre que chove e para chegar ao serviço é um problema sério”.
O Conselho municipal da cidade de Xai-Xai gostaria, também, de acabar com a erosão na urbe, mas ressente-se da falta de dinheiro para combater o fenómeno.
“Nestes locais, há medidas diversas desde a colocação de espécies vegetais, blocos de contenção de erosão e reposição de solos, mas este processo exige recursos que, muitas das vezes, não temos para enfrentar uma situação desta dimensão”, lamentou Emídio Xavier, presidente do município da cidade de Xai-Xai.
O edil de Xai-Xai não sabe do valor exacto que é necessário para travar a erosão nos 12 bairros da cidade, mas sufoca as contas da edilidade daí que, para já, a ideia é recorrer a soluções pouco dispendiosas para o município.
“Aprovámos uma postura que orienta as construções conducentes ao combate à erosão. Neste momento estamos na parte de sensibilização dos munícipes para a implementação dessa postura que todas as obras deverão apresentar condições de colecta das águas e o armazenamento dessas águas dentro das residências”, explicou Emídio Xavier, acrescentando que tais condições se refere a caleiras, cisternas, drenagem interna “para que esta água não saia das residências e crie escavações nas ruas”.