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Energia eléctrica rende menos ao Estado

Restrições na disponibilidade de água no rio Zambeze, fonte de produção da Hidoeléctrica de Cahora Bassa (HCB), e os trabalhos de manutenção na empresa fornecedora de energia eléctrica estão a afectar a arrecadação de receitas externas para o Estado moçambicano.

De acordo com o relatório do Banco de Moçambique intitulado Balança de Pagamentos, a energia eléctrica de Moçambique vendida para outros países rendeu cerca de 104 milhões de dólares entre Janeiro e Março deste ano, o equivalente a um decréscimo de 34%.

“A queda na receita deste produto deveu-se à interrupção na oferta de energia, causada pelas restrições na disponibilidade de água no rio Zambeze, bem como aos trabalhos de manutenção realizados num dos principais fornecedores”, lê-se no documento.

Importa sublinhar que a África do Sul é o principal país de origem das importações moçambicanas, com um peso de 29,4% do total das importações, destacando-se a energia eléctrica, óxido de alumínio, automóveis para transporte de mercadorias, entre outros.

Em destaque está também a África do Sul como um dos principais destinos das exportações de Moçambique, com 13,4% do total, estando a ocupar a segunda posição, na qualidade do principal consumidor de energia eléctrica, gás natural, carvão, bananas, entre outros.

No mesmo período, as receitas de exportação de gás natural, alumínio e areias pesadas aumentaram em 124,7 milhões de dólares, 178,5 milhões e 12,1 milhões, respectivamente.

O aumento nas receitas do gás natural é explicado pelo aumento do volume exportado na área 4 da Bacia do Rovuma e pela subida do preço médio no mercado internacional em 12,8%.

Enquanto isso, no primeiro trimestre deste ano, diminuíram as receitas de exportação dos produtos tradicionais, devido à queda registada nos produtos agrícolas na ordem de 29,3 milhões de dólares, com destaque para o tabaco (47%) e os legumes e hortícolas (42%).

“No detalhe, os factores que concorreram para as variações negativas destes produtos foram os seguintes: tabaco – a redução anual nas receitas desta mercadoria, no valor de USD 28,3 milhões, resulta basicamente da queda no volume exportado em cerca de 60%; legumes e hortícolas – as vendas destes produtos diminuíram em USD 15,7 milhões, devido às (…) manifestações pós-eleitorais”, avança o Relatório da Balança de Pagamentos.

A Índia, com 515 milhões de dólares, mantém-se na primeira posição como principal destino das exportações de Moçambique, com um peso de 18,2% no total, sendo de destacar o gás natural, carvão mineral, legumes secos ou em grão, castanha de caju, entre outros.

No que respeita ao Investimento Directo Estrangeiro (IDE), a indústria extractiva foi o maior beneficiária, ao absorver 1568 milhões de dólares, o que corresponde a 96,5% do total, com destaque para a exploração de gás no valor de 1234 milhões de dólares (78,7% do IDE do sector).

“Relativamente aos outros sectores, destacam-se as actividades imobiliárias, alugueres e serviços às empresas, com um encaixe de USD 15 milhões, equivalente a 0,9% do total do IDE, o mesmo que um acréscimo anual de 92,4%”, avança o Banco de Moçambique.

No que se refere aos principais parceiros do IDE em Moçambique, o destaque vai para os investimentos realizados pela África do Sul, Países Baixos, Maurícias, Itália e Estados Unidos da América, com um peso de 29,0%, 27,8%, 21,0%, 12,7% e 2,2% cada.

De Janeiro a Março deste ano, o Estado moçambicano pagou 350,2 milhões de dólares em dívida, reflectindo o aumento nos reembolsos de capital e juros de empréstimos, tanto por parte do Governo como de outros sectores, em 195,3 milhões dólares e 154,9 milhões, respectivamente.

No período em análise, o total de desembolsos de empréstimos externos para a economia nacional foi de 27,5 milhões de dólares, o que significa um decréscimo anual de 78,5%, determinado pela diminuição da contratação da dívida externa pública.

“Os desembolsos de empréstimos externos para o sector público reduziram-se em 82,2% para o montante de USD 15,1 milhões, devido ao decréscimo registado nos acordos multilaterais em 94,4% (USD 75 milhões)”, pode-se ler no documento do banco central.

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