O encerramento das unidades de processamento de castanha de caju na Olam empurrou milhares de trabalhadores para o desemprego em Nampula e muitos não tiveram indemnização porque trabalhavam em regime sazonal.
Durante anos, milhares de trabalhadores, na sua maioria jovens, tinham nas unidades de processamento o seu sustento. Contudo, no fim do ano passado, a Olam anunciou o encerramento das suas fábricas no país, alegando, entre vários constrangimentos, a falta de castanha de qualidade.
O senhor Constantino tinha um contrato de trabalho como agente de segurança, por isso foi indemnizado, como atesta um documento a que “O País” teve acesso, mas viu muitos colegas perderem o emprego, sem direito à indemnização porque eram sazonais.
Não era a sua preferência, mas a precariedade do emprego em Moçambique obrigou a que o jovem Abdul fosse, durante cinco anos, trabalhador sazonal, tendo sido um dos que saíram de mãos a abanar quando foram encerradas as portas da fábrica onde trabalhava.
Agora desempregado, Abdul não tem perspectiva de vida. Sustentar a esposa e quatro filhos tornou-se demasiado complexo.
Dina, 24 anos de idade, outra trabalhadora sazonal, prestou serviços à fábrica da Olam durante um ano e meio. Desempregada, a jovem mãe passa os dias lamentando-se.
A Olam está em Moçambique desde 1999 e actua em várias áreas industriais. Na parte de processamento da castanha de caju, contava com 500 trabalhadores contratados e milhares de sazonais.