Mulheres empresárias queixam-se da falta de oportunidades de negócio e excesso de burocracia no acesso ao financiamento. As empresárias falavam, esta segunda-feira, em Maputo, durante a primeira mesa-redonda para a partilha de oportunidades de negócio.
São mulheres que actuam em diferentes áreas de actuação que vêem muitos dos seus projectos parados e não conseguem dar continuidade.
Uma das mulheres que aceitou partilhar as “dores” de outras com “O País” fala de inúmeros desafios que enfrentam no sector, agudizado pela falta de financiamento.
“Um dos grandes desafios é reconhecer-se o papel igual da mulher e dos homens, no desenvolvimento dos negócios. O outro é a questão de financiamento, mas o que queremos discutir com as nossas mulheres é como é que podemos encontrar mecanismos para ultrapassar este constrangimento sobre o financiamento”, disse Teresa Muenda, secretária-geral da Câmara de Comércio de Moçambique.
Muenda acrescentou que a sua instituição sempre pautou pela inclusão, por isso tem desenvolvido vários projectos que incluem as mulheres, como a Conferência de Negócios para África, onde a organização mobilizou mulheres que apresentaram os seus projectos aos investidores.
“A maior parte dos investidores são precipitantes no negócio, mas a banca exige colaterais que, muitas vezes, as mulheres não têm. Além disso, o processo para acesso ao financiamento é bastante burocrático. Há algumas linhas destinadas às mulheres, na banca, mas a taxa de jurus é alta e os processos são complexos”, explicou a fonte.
Nilza Singulane é empresária no ramo das tecnologias. Para ela, ser mulher é um desafio, pois “o mercado ainda mede a capacidade do empresário pelo género. Na minha área de actuação, quando olham para uma mulher, questionam a sua capacidade de gerir um empreendimento, por este ser habitualmente gerido por homens”.
Segundo a nossa fonte, este tipo de comportamento só pode ser vencido com trabalho e dedicação, ou seja, “é preciso mostrar qualidade e competência às pessoas, para elas perceberem que não se trata de género, mas sim de conhecimento”.
No meio disto, há quem não veja do mesmo jeito. A gestora Denise Ismael reconhece os desafios enfrentados, tanto no desenvolvimento de novos negócios, bem como na gestão e continuidade de um, mas diz que a questão transcende o factor género e aponta a conjuntura internacional como o principal desafio.
“Tem mesmo a ver com os desafios da época. O sector empresarial está a enfrentar muitos desafios, motivados mesmo pela conjuntura socio-económica que vivemos. Então, as mulheres têm de arranjar formas de se reinventar”, disse Denise Ismael.
Foi nesta senda que a Câmara de Comércio de Moçambique e a sua congénere de Estugarda, na Alemanha, assinaram um memorando de entendimento.
“Com este memorando, iremos redobrar o nosso desempenho que concorre para quebrar as barreiras que as mulheres enfrentam para o desenvolvimento e liderança perante o negócio no ramo empresarial e no empreendedorismo”, explicou Álvaro Massingue, presidente da Câmara do Comércio de Moçambique.
O presidente afirmou que esta mesa-redonda deve ser uma oportunidade para as mulheres partilharem os seus medos e, juntas, buscarem soluções, por isso “esperamos que haja mais edições, com réplica em todo o país, e que gera resultados que coloquem a mulher na posição de liderança”.
A primeira mesa-redonda para mulheres empresárias foi promovida pela CCM e contou com a participação de mulheres empresárias, umas com larga experiência, outras ainda no princípio da carreira.