É na agricultura em que elas encontram o seu sustento e, acima de tudo, fazem a diferença em Changalane, Namaacha, Província de Maputo. São mulheres que, trabalhando a terra, viram as suas vidas transformarem-se para o melhor.
Ao sol e à chuva, as mulheres trabalham a terra, até porque é nela onde elas encontram o auto-sustento. Mas, mais do que garantirem o auto-sustento, nutrem uma enorme paixão pela agricultura, que, por sinal, é uma das actividades que têm merecido especial atenção por parte do Governo, tendo em conta que contribui significativamente para o aumento de divisas no país.
O sonho dessas mulheres até parecia irrealizável, mas a sua vontade provou o contrário quando os resultados começaram a surtir os efeitos desejado. Os resultados não só são visíveis, assim como animadores. Os ganhos superam as dificuldades por que têm passado no exercício da sua actividade.
Através da aposta na agricultura, esse grupo de mulheres ganhou a independência económica e a estabilidade social. Por causa da necessidade de se sentirem empoderadas economicamente, as mulheres não têm mãos a medir.
“A agricultura mudou a minha vida. Hoje em dia, consigo sustentar a minha família e pagar os estudos das minhas filhas”, diz Ana Uqueio, sublinhando que, desde que apostou nesta actividade, os ganhos têm sido maiores.
Para ela, não há nenhuma dificuldade que a fará desistir da agricultura, pois, mais do que garantir a sua independência económica, despertou uma enorme paixão pela agricultura.
“Gosto do que faço. Apelo às outras mulheres para que apostem na agricultura, assim como em outras áreas, de modo a melhorarem as suas vidas. Para mim, é difícil não ter nenhuma ocupação”, exorta Ana Uqueio.
À semelhança de Ana Uqueio, Leonor Pereira, por sinal presidente da Associação de Mulheres Agricultoras de Changalane, tem na agricultura a sua maior paixão. É a através desta actividade que sobrevive e, mais ainda, encontra o consolo em momentos turbulentos da sua vida. Há mais de duas décadas no ramo da agricultura, actividade pela qual conseguiu melhorar a sua vida.
Segundo conta, investiu nesta actividade porque, através dela, poderia, como disse, mudar a sua vida. Apesar das dificuldades que enfrentou no início, diz que em nenhum momento pensou em desistir.
“Olho para trás e digo vale a pena ter apostado na agricultura, tendo em conta que muita coisa mudou a minha vida. Sou uma mulher empoderada economicamente”, afirma, ajuntando que as mulheres devem “acordar”, pois agora já não é tempo de elas dependerem apenas do homem.
TRABALHAR NO MEIO DE DIFICULDADES
Nem tudo corre às mil maravilhas para essas mulheres, que exploram uma área de dois hectares. Apesar da vontade que elas têm, clamam por apoio, de modo a incrementarem as áreas de produção e, por via disso, melhorarem ainda mais a sua renda.
Para Ana Mambo, uma das mulheres que, através da agricultura, viu a sua condição económica melhorar, a actividade agrícola acarreta muitos custos, daí que explica que a associação na qual faz parte necessita de apoio, sobretudo em motobomba e abertura de uma represa para a retenção de água.
“A agricultura é minha vida, pois, através dela, não tenho passado por necessidades. Consigo comprar cadernos e uniformes para os meus filhos e, acima de tudo, não tenho morrido à fome”, diz Ana Mambo.
Apesar de afirmar que as mulheres têm poder, para Ana Mambo, é preciso que elas se dediquem ao trabalho, visto que só assim poderão merecer destaque em todas as esferas da sociedade.
“As mulheres devem parar de lamentar toda a hora. É preciso que elas lutem diariamente. É o que eu e as minhas colegas temos feito, através da agricultura. Elas devem, também, empoderar-se economicamente”, apela Ana Mambo.
ADPP EMPODERA MULHERES
Uma das grandes dificuldades que as mulheres agricultoras de Changalane têm enfrentado tem a ver com a falta de alguns componentes vitais para o exercício da sua actividade. Foi nesse sentido que a ADPP – Moçambique abraçou a causa das mesmas, através de apoio em insumos agrícolas, motobombas, construção de tanques e no treinamento sobre técnicas melhoradas, tendo em vista à melhoria dos processos de produção.
Segundo o gestor da ADPP, Sebastião Mangue, a agremiação decidiu apoiar as mulheres como forma de reconhecimento pelo trabalho que têm feito.
“Essas mulheres são um exemplo a seguir. Com poucos recursos, elas têm conseguido fazer a diferença em Changalane. Por isso, achamos por bem acarinharmos esse tipo de iniciativa”, afirma, explicando que, o apoio visa, também, empoderá-las economicamente.
“Sentimos que elas são mulheres já com independência económica. Acima de tudo, alegra-nos o facto de sabermos que, através da actividade agrícola, elas conseguem sustentar as suas famílias”, explica.
Criada em 2006, a Associação das Mulheres Agricultoras de Changalane é composta por 40 mulheres, que trabalham numa área de dois hectares.