A empresa, que importa cereais para Moçambique, diz que, apesar da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o país não vai sofrer pela falta de trigo este ano, mas a subida do preço é inadiável.
A Rússia e a Ucrânia são os maiores produtores de trigo a nível mundial e, neste momento, têm as atenções viradas para a guerra e isso pode comprometer o fornecimento a países como Moçambique.
Entretanto, a STEMA, empresa que faz a importação de cereais para Moçambique, eSwatini, Zimbabwe e África do Sul, garante que, para já, há trigo para os países e não risco de ruptura este ano.
Por exemplo, “recebemos, na semana passada e, na próxima, vamos receber mais um, enquanto até ao fim do mês outro chegará ao país”, revelou Arlindo Chilundo, presidente do Conselho de Administração da STEMA, adiantando, porém, que “as importações que estão a ocorrer, agora, não são de produtos deste ano e outros já estavam a caminho” antes da guerra.
Apesar disso, os preços do trigo continuam a ser pressionados a subir. A explicação é que como o mercado também é influenciado pelas expectativas, com a informação de que, nos próximos tempos, haverá menos disponibilidade de trigo no mercado, os países procuram comprar mais do que precisam para agora, como forma de assegurar reservas.
Nesse sentido, e tendo em conta as entradas já asseguradas, a STEMA diz que o país não vai ressentir-se da falta este ano. “O nosso maior receio, sobre o impacto maior, é que se reflicta no próximo ano”, isto porque, neste momento, em que eles deviam estar a produzir, estão focados na guerra.
A informação foi disponibilizada, hoje, durante uma visita efectuada à STEMA pelos deputados da Comissão de Plano e Orçamento da Assembleia da República. A STEMA está, neste momento, a ter problemas da tesouraria, devido ao peso das dívidas contraídas depois de um incêndio que ocorreu em 2015.
Para fazer os apagamentos, “contámos com ajuda do IGEPE, que tomou 50% da dívida, ainda assim, continuamos com o peso e isso complica as nossas contas. Apesar disso, temos estado a cumprir os nossos compromissos com a banca através dos capitais próprios”.
Não falha com a banca, mas não faz investimentos para si mesma. Neste momento, por exemplo, a STEMA está a funcionar com equipamento obsoleto e está à procura de financiamento para a sua modernização. Precisa de 14 milhões de dólares para comprar equipamento moderno.
Do seu lado, os deputados mostraram preocupação pelo facto de a STEMA apenas manusear cereais de fora do país, ou seja, só importa e não exporta nada, apesar de todo o potencial agrícola existente no país.