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Em Defesa da Diplomacia Presidencial Itinerante

Diplomacia presidencial refere-se à prática onde líderes nacionais desempenham um papel directo e activo nas relações exteriores de seus países. Esta abordagem é caracterizada pelo engajamento do chefe de estado em encontros, negociações directas e comunicação pessoal com outros chefes de Estado, de governo e com gestores seniores de Organizações Internacionais e Multinacionais. A diplomacia presidencial tem a vantagem de ser flexível na abordagem de assuntos prementes e de interesse nacional imediato ao mesmo tempo que permite transcender as burocracias tradicionais, permitindo uma tomada de decisão mais rápida e flexível em questões te interesse nacional ou internacional.

A Diplomacia presidencial torna-se itinerante quando o presidente assume a responsabilidade de viajar intensamente entre nações para tratar de assuntos diplomáticos urgentes, coordenar políticas, promover interesses nacionais e fortalecer relações diplomáticas de forma mais flexível.

A adopção desta abordagem de Diplomacia presidencial itinerante por parte do Presidente Chapo tem sido criticada por alegadamente ser despesista e sem resultados palpáveis para a vida dos Moçambicanos. Esta crítica pode ter a sua razão. Afinal em 11 meses de sua Governação o presidente Chapo efectuou visitas a cerca de 21 destinos, nomeadamente, Tanzânia (duas vezes), África do Sul, Zambia, Zimbabwe, Malawi, Angola, Madagascar, Ruanda, Etiópia, Argélia, Brasil, Estados Unidos da América (duas vezes) Portugal (duas vezes) Espanha, Suécia, Itália e Japão. Praticamente uma média de dois destinos por mês.

Estas deslocações são justificadas como uma estratégia de reinserção internacional de Moçambique, relançamento de parcerias estrategicas e reafirmação de Moçambique em um contexto regional e global cada vez mais competitivo e incerto.

Por exemplo, promoção da agenda nacional de defesa e segurança principalmente no que diz respeito ao combate ao terrorismo em Cabo Delgado suportou as viagens a Tanzânia e Ruanda, a necessidade de descongelar as relações com o FMI e Banco Mundial justifica sem sombras de dúvida a aproximação àquelas duas instituições em Washington. Tóquio Europa representam a necessidade de reafirmação de Moçambique como destino seguro de investimentos. Brasil e Nova Iorque confirmam a disponibilidade de Moçambique em participar activamente no debate de questões globais prementes sobre meio ambiente, paz e desenvolvimento.

É possível argumentar que essa agendas podem ser promovidas pelas missões diplomáticas de Moçambique naqueles destinos. Contudo tratando-se de início de um novo ciclo de governação a presença do Presidente Chapo em contactos de alto nível é justificada pela necessidade de estabelecer e esclarecer a nova visão sobre as relações internacionais de Moçambique reafirmando os aspectos de continuidade e dando ênfase a novos vectores e compromissos.

Além disso, é preciso ter em consideração os contornos de ascensão ao poder do Presidente Chapo. Ele não fazia parte do ciclo central de governação como foi o caso do antigo presidente Guebuza e nem teve a possibilidade de ampla exposição externa uma vez confirmado candidato como foi o caso do antigo Presidente Nyusi. Quer dizer, até a sua eleição, a imagem externa do Presidente Chapo era praticamente inexistente. Esta diplomacia presidencial itinerante faz , por isso, sentido como mecanismo de exposição do novo presidente aos contornos diplomáticos globais, marcação de posição e partilha de sua visão sobre questões globais, bilaterais e prioridades externas de Moçambique.

Este relançamento não pode ser por delegação. Tem de ser feito em primeira pessoa, de forma intensiva e ao mais alto nível por via da Diplomacia Presidencial itinerante.

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