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Extraparlamentares dizem que manifestações põem a democracia em risco 

A plataforma dos partidos políticos extraparlamentares convida a Renamo, MDM, PODEMOS e a todos os partidos concorrentes nas eleições gerais de 09 de outubro para privilegiar o diálogo e não as manifestações, porque, no seu entender, minam a democracia, a paz e a unidade nacional. Também, os extraparlamentares repudiam os resultados eleitorais por entenderem que não refletem a verdade. A

O Presidente do Partido PODEMOS diz que os dados do apuramento parcial ao nível dos distritos não são verdadeiros. Albino Forquilha diz que “num país sério” o seu partido “não teria dificuldades para governar”.

Depois de Venâncio Mondlane, hoje foi a vez do presidente do PODEMOS convocar a imprensa para manifestar o seu posicionamento em relação ao apuramento parcial dos votos ao nível dos distritos.

Albino Forquilha acusa os órgãos eleitorais de estarem a obedecer “ordens superiores” para manipular o processo e beneficiarem o partido Frelimo. Diz, ainda, que há uma tentativa de colocar o partido Renamo na segunda posição.

Para o  líder do PODEMOS, a forma como o processo está a ser gerido coloca em causa a Democracia no país e que o mesmo “não pode ser gerido por dois partidos”.

Cerca de 500 membros de mesas de votos (MMV) queixam-se de morosidade no pagamento dos subsídios pelo STAE na Matola. Há quem chegou ao local às 4h, mas até às 15 horas deste domingo ainda não tinha sido atendido e nem sequer tinha alguma informação relevante.

Cerca de 500 vice-presidentes de mesas de assembleias de votos, na Matola, estão desapontados com o STAE.

“É realmente triste o que está a acontecer. Trabalhámos muito, com suor, mas para apanhar o valor não está a ser fácil”, lamentou Tereza Maunde, vice-presidente de mesa de voto.

A demora no atendimento para receber subsídios pelo trabalho feito nas eleições de 9 de Outubro é que está a criar agitação.

“Estamos aqui desde as 4 horas e há colegas que chegaram muito antes. Não faz sentido não comemos nem bebemos água. Estamos todos aqui espalhados a sofrer enquanto eles estão no conforto. Quem está a pagar? São duas pessoas para atender mais de quinhentas pessoas”, disse agastada Sandra, outra vice-presidente de mesa de voto.

Segundo os MMV, o STAE costuma pagar até ao período da noite, e estes, depois, são assaltados quando estão no caminho de regresso à casa.

“Ontem pagaram até às 22 horas. Que pagamento é esse? Estão a ocultar o quê? Eles (a polícia) estão aqui, só agora, a simular, mas até às 20 horas vão embora e, quando tu estás a descer até à paragem te assaltam. Então, eu quero acreditar que isto aqui é uma armação”, acusou.

O que mais inquieta o grupo é a falta de comunicação com os técnicos do STAE que trabalham no local.

“Eles não dizem nada, mas o que nós estamos a perceber é que até os que chegam às 12 horas estão a ser atendidos, desde que sejam seus conhecidos”, denunciou.

Estes ameaçam que não irão sair do local sem antes serem pagos.

“Certamente, às 15 horas, vão dizer que estão a fechar. Vão fechar, mas dali não vão sair sem nos pagar. Estamos a reivindicar, queremos o nosso dinheiro hoje. Todos nós queremos o nosso dinheiro. Eu não vou voltar no dia seguinte, vivo longe, venho de longe, paguei dinheiro de chapa”,queixou-se.

O jornal O País tentou conversar com os técnicos do STAE provincial da Matola, que estão no processo, mas estes não mostraram disponibilidade para esclarecer o assunto.

Houve situação de fortes pancadarias durante o processo de contagem de votos no distrito da Maganja da Costa, província de Zambeze, na noite de sábado. A razão seria o facto de um observador do CNJ ter corrompido um delegado de candidatura, com o valor de 15 mil meticais. 

Nem a polícia conseguiu acalmar a fúria de membros e simpatizantes do PODEMOS e de Venâncio Mondlane. Um observador proveniente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ) foi espancado, depois de, supostamente, ter pago 15 mil para o delegado de candidatura do partido PODEMOS, e o mesmo valor para um escrutinador, com o objectivo de facilitar a inserção de votos nas urnas para favorecer certos partidos. 

“O nosso trabalho começou a decorrer bem, durante as 7 horas que é hora que começamos o trabalho. Às 17 horas, o ambiente mudou, porque eles não tiveram como meter o que queriam meter. Eu descobri quando eles começaram a dar corrida nos nossos mandatários e nossos delegados para fora… Então o presidente me chamou e disse, irmão nós queremos te dar um valor para podermos ganhar a mesa”,  disse Chato Jonasse, delegado de candidatura do PODEMOS. 

Jonasse conta que, num primeiro momento, não recebeu o valor, mas depois de apresentar o caso aos delegados, percebeu que o dinheiro serviria como prova do suborno e, por isso, recebeu-o. Abel Adriano, o escrutinador, também diz ter aceite o valor apenas para ter provas do suborno. 

A polícia foi reforçada e destacada para o local.  

 

A Renamo diz que o apelo do mandatário do partido em Nampula para Ossufo Momade renunciar o cargo de presidente é pensamento individual. O porta-voz daquela formação política disse ainda que, mesmo que fosse colectivo, há fóruns próprios para tratar o assunto e acrescenta que o foco agora são as eleições. 

O porta-voz da Renamo, Marcial Macome, reagiu, este sábado, ao convite para Ossufo Momade renunciar ao cargo de presidente do partido, dizendo que se trata de um pensamento individual do mandatário que fez as declarações à imprensa. 

“A Renamo é um partido democrático e os membros são livres de dizer o que eles acham, e ele achou que fosse livre de dizer, não temos nada a comentar, é um pensamento individual. A ser um pensamento colectivo tem que ser num órgão. Na entrevista, penso que ele deixou claro que não tinha nenhum mandato para falar em nome da Renamo, falou em seu nome individual”, disse o porta-voz. 

Segundo Marcial Macome, não é por via da televisão que se deve expressar este tipo de preocupações, até porque há fóruns próprios no partido.

“É normal que cada um emita seu parecer, mas nós como Renamo temos órgãos, onde as nossas questões são apresentadas e discutidas. Temos a comissão política distrital a todos os níveis, temos os conselhos provinciais e distritais a todos os níveis, temos o conselho nacional, temos órgãos específicos para essas matérias serem discutidas”, acrescentou 

Macome disse que, neste momento, o foco do partido são as eleições. “Sei que como qualquer partido, depois das eleições, vão sentar e avaliar o seu percurso, todos partidos sérios vão fazer isso e a Renamo também vai fazer isso. Os órgãos, em sede própria, vão fazer a análise de como foi a performance da Renamo e quais são as perspectivas. Neste momento, isso não é objecto de discussão, não estamos preocupados com isso… neste momento estamos preocupados com o processo eleitoral”. 

Sobre os resultados parciais das eleições, o porta-voz da Renamo preferiu não se pronunciar, dizendo que o partido irá falar oportunamente, isto depois do presidente da Renamo, Ossufo Momade, ter cancelado uma conferência de imprensa marcada  para às 15 horas, de sábado, alegando motivos de força maior.

Daniel Chapo e a Frelimo estão em vantagem em três províncias do país, nomeadamente, Cabo Delgado, no Norte, Gaza e Maputo, no Sul, segundo o apuramento médio dos votos apresentado este sábado. Na zona Sul, segue em segundo lugar, Venâncio Mondlane, Ossufo Momade em terceiro e Lutero Simango, em último. No Norte, as tendências continuam com a excepção da permuta entre Ossufo Momade, que está em segundo lugar e Venâncio Mondlane em terceiro.

Quanto mais “o tempo passa, mais próximo” estão os moçambicanos de conhecer os resultados definitivos, e, enquanto não chegam, em três dias de apuramento, os dados indicam, que para as presidenciais, o primeiro lugar na preferência da maioria dos votantes encontra-se Daniel Chapo, candidato presidencial da Frelimo.

Na província de Cabo Delgado, cujo número de abstenções que o de votantes, 43,08% dos dados apresentam uma larga vantagem de Daniel Chapo contra os seus concorrentes. Daniel Chapo tem 18,962 de aprovação, correspondentes a 76,59%; ossufo momade 2,932, correspondentes a 11,84%; Venâncio Mondlane 2,103, correspondentes a 8,49%; e, em último, Lutero Simango com 760, correspondentes a 3,07%.

No sul, em Xai-Xai, Daniel Chapo tem uma aprovação de 29,278, correspondentes a 56.25%; Venâncio Mondlane com 20.602, correspondentes a 39.58%; Ossufo Momade com 1.071, correspondentes a 2.06%; e, Lutero Simango com 1.O99, correspondentes a 2.11%.

Na cidade de Maputo, em seis distritos municipais, nomeadamente, Katembe, kamavota, kanyaka, kamaxakeni, kamaxakeni e Nlhamankulu, Daniel Chapo está em primeiro lugar com números, que, em algumas regiões chegam a superar por mais de duas vezes o seu concorrente mais próximo, Venâncio Mondlane. Por exemplo, em kanyaka, Chapo 79,325 e Mondlane 15,27%, Kamubukwana, Chapo regista 58,55% e Mondlane 20,96%, kamaxakeni, Chapo 51% e Mondlane 43,94%, kamavota, Chapo 51,16% e Mondlane 38%, Katembe, Chapo 64,37% e Mondlane 32,23%.

Nas eleições para candidatos a deputados para assembleia da República e membros da Assembleia provincial, a Frelimo soma vantagem em todas as regiões, posicionado-se em primeiro lugar, em segundo lugar o PODEMOS, com excepção de Cabo Delgado, onde a Renamo supera o PODEMOS, onde ocupa o segundo lugar.

O candidao presidencial da Frelimo, Daniel Chapo, diz que existem instituições legítimas e tempo regulamentado por lei para o anúncio dos resultados eleitorais. Igualmente, Chapo apela à calma aos moçambicanos porque o processo continua.

Após assistir ao jogo dos Mambas, seleção nacional de futebol, no Estádio Nacional do Zimpeto, Daniel Chapo usou uma metáfora desportiva para acalmar aos moçambicanos sobre o anúncio dos resultados definitivos, que estão marcados para o dia 25 do corrente mês.

“Como esse jogo que terminou, quem garantiu o fim do jogo e o resultado é a equipa de arbitragem e o quarto árbitro. E nós achamos que é este modelo que está na lei. Portanto, aguardamos a divulgação dos resultados por parte dos órgãos eleitorais”.

Apesar do candidato do PODEMOS, Venâncio Mondlane, cujo apuramento preliminar o aponta como seu principal opontente, ter hoje reivindicado ser vencedor do escrutínio, Chapo assegurou aos moçambicanos que somente os orgãos de administração eleitoral tem a competência de anunciar os resultados.

“O nosso apelo é calma e serenidade a todos os moçambicanos para que realmente aguardemos aos órgãos eleitorais, para que, dentro da lei, possam anunciar os resultados”.

O candidato a Presidência da República, Venâncio Mondlane declara-se vencedor das eleições de quarta-feira em 25% das mesas de voto já processadas, por uma equipa de suporte a sua candidatura. Os dados indicam, disse esta noite em conferência de imprensa, dão 51% de votos para Mondlane e 41% para o candidato Daniel Chapo.

Caso se confirme esta tendência, Venâncio Mondlane diz-se aberto a fazer uma transição governativa pacífica, sem precisar ir ao que chama de “outros meios”.

“Ontem fizemos uma live para demarcar um posicionamento, o posicionamento é a declaração inequívoca da vitória. E, depois, foi já termos constituído uma Comissão que chamamos de comissão governativa para a transição pacífica e, que não haja necessidade para avançar para outras formas de luta e de resistência que estejam fora do padrão de manutenção da paz”, disse.

O candidato diz que no momento tem uma vatagem de pelo menos 10% em relação ao candidato presidencial da Frelimo, Daniel Chapo, e insiste em uma transição pacífica e democratica.

“Estamos a dar um sinal de que somos uma equipa, que, querendo, pode sentar-se com o regime do dia e negociar-se como essa transição é a mesma ser feita de forma democrática, diplomática e de acordo com os princípios da paz”, insistiu.

Venâncio encerrou sua intervenção a denunciar que muitos distritos do país não têm “condições objectivas para concluir o apuramento intermédio” e acusou o partido no poder de estar a “fabricar editais falsos com números superiores aos dos votantes”.

A União Europeia diz que há províncias em que o número de eleitores era maior que os de pessoas com idade para votar. A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral também registou o mesmo problema, contudo, esta última entidade de observação eleitoral, depois de cruzar informações disse que tal resulta de um mal entendido.

A União Europeia e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral apresentaram esta sexta-feira, o seu balanço preliminar sobre as eleições do dia 9 de outubro. Até aqui, os observadores internacionais concluíram que as eleições foram pacíficas, porém, constataram algumas irregularidades.

Em algumas províncias, o número de eleitores excedeu o número de pessoas com idade para votar, segundo a União Europeia. “Verificou-se uma notável falta de credibilidade na fiabilidade dos cadernos eleitorais, uma vez que, em várias províncias, se refletia um número de eleitores superior ao da população total em idade para votar, referida no censo demográfico nacional”, apontou Laura Cereza, Chefe da Missão de Observação Eleitoral da União Europeia.

Já a Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC, diz que tudo não passa de uma má interpretação.

“A Missão notou que alguns colaboradores perceberam que havia mais pessoas recenseadas do que a população com idade para votar. A missão notou que a maioria dessas percepções foram baseadas em um entendimento errado da comunicação sobre a população registada para votar e o número total de pessoas elegíveis para votar”, clarificou Amani Abeide karume, Chefe da Missão de Observação Eleitoral da SADC.

A União Europeia constatou, igualmente, o enchimento de votos. “As equipas da União Europeia viram vários de boletins de voto dobrados em 10 mesas de apuramento observadas, o que indica um possível enchimento das urnas. Em um terço das mesas de apuramento observadas, não houve reconciliação dos números constantes dos editais”, disse Laura Bellarin Cereza.

Para maior transparência, os observadores recomendam que a CNE publique todos os editais para todos os interessados. “A Comissão Nacional das Eleições deve publicar, online, todos os editais originais das mesas de voto, para que todas as pessoas e actores políticos possam ter acesso a esta informação”, exortou.

A União Europeia e a SADC só irão divulgar os seus relatórios finais e recomendações, 30 dias após a divulgação dos resultados oficiais pela Comissão Nacional de Eleições.

O STAE, em Xai-Xai, chamou a imprensa, na tarde desta sexta-feira, para apresentar o estágio de  processamento dos dados intermédios do  escrutínio desta quarta-feira. O organismo avançou que Daniel Chepo está na dianteira, com uma ligeira vantagem sobre Venancio Mondlane.

O  director distrital do STAE, Ilídio Chichava, fez saber  que  já foram processados cerca de 20% das mesas de assembleia de voto, que colocam Daniel Chapo e a Frelimo em ligeira vantagem.

“Estamos com cerca de  20% de execução e temos tudo apostos para que amanhã façamos a divulgação dos resultados ao nível do distrito de Xai-Xai. Notamos alguma oscilação, mas, até agora, afirmamos que a Frelimo e seu candidato tem um pouco de vantagem”, disse Chichava.

Venâncio Mondlane e PODEMOS , estão na segunda posição.

Ilídio Chichava diz, ainda, que não se sabe qual é o candidato que ocupa a terceira posição, visto que Ossufo Momade, da Renamo, e Lutero Simango, do MDM, têm ainda os dados a oscilar.

“A Terceira é difícil de afirmar porque aparece um pouco Lutero Simango, um pouco Ossufo Momade”, disse.

A província de Gaza  registou cerca de 1.2 milhões de eleitores que votaram em 1938 mesas de assembleia de voto.

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