Os governos de Mapai, Chigubo e Mabalane, na província de Gaza, debatem saídas face ao problema que afecta 12 mil pessoas. A governadora de Gaza defende o reforço da segurança e a retirada das populações das áreas críticas.
Os líderes comunitários de Mabalane, Chigubo e Mapai descrevem um ambiente tenso nos últimos três meses e dizem que a movimentação dos paquidermes fez soar o alarme, além de extensas áreas de produção devastadas nas aldeias de Gerez, Madliwa, Hoxane.
“Passamos fome por conta disto, mas vivíamos bem e na base da produção. Os elefantes invadiram e devastaram toda a colheita em duas comunidades, Madliwa, Hoxane. Pedimos clareza na delimitação dos parques”, considerou o líder comunitário André Chaúque.
A situação está a preocupar os governos dos três distritos, que apontam a crescente frequência dos ataques de elefantes, em zonas baixas e próximas de cursos de água, áreas que também são seu habitat natural.
“Para o caso de Mabalane, temos cerca de dois ou três casos no tribunal que até agora não temos o desfecho. São as famílias que meteram queixa contra o Parque Nacional do Limpopo, por causa de conflitos, devastação de animais”, considerou o representante de Mabalane, Mauro Sumbane.
Por seu turno, a administradora de Mapai, Maria Helena, avançou que “eu acredito que, se os nossos parques estivessem bem delimitados, os animais não passariam para as zonas de produção agrícola, mas nós também estamos toda a hora a ser agredidos pela população, dentro da sua razão. Acho que há algo que tem de ser revisto”, apelou.
Já o administrador de Chigubo, Almeida Guelume, defende ser urgente reforçar o efectivo na garantia da fiscalização.
“Também queríamos pedir para não sermos reactivos, mas sermos produtivos, a questão do aumento dos fiscais nos nossos parques, porque sentimos que o número dos fiscais que estão nos parques é reduzido para responder à actual demanda da circulação da nossa população.”
Durante um encontro em Xai-Xai, foram apontadas saídas para amenizar o sofrimento das comunidades próximas das áreas de conservação naqueles distritos.
“Se tivermos um sistema de aviso prévio, um sistema baseado em telefones celulares, baseado nas nossas rádios comunitárias, vai permitir que as comunidades tenham comunicação sobre a movimentação desses animais nas suas zonas de produção, (…) semear, ao mesmo tempo vai facilitar que o parque tenha zonas críticas para o controlo”, defendeu Mauro Sumbane.
Como resposta, a governadora de Gaza, Margarida Mapandzene, adiantou que estão a ser equacionadas soluções a nível central para mitigar o problema e garantir a segurança da população, sem comprometer a sua sobrevivência.
“São vidas humanas que, às vezes, perdemos por conta desses animais. Então, essa preocupação é grande, mas a solução definitiva seria a vedação deste parque e a retirada também da população que vive dentro dos parques que até agora estão a mobilizar recursos. Temos acções em curso em termos de construção de casas, mas que ainda não são suficientes. Estamos à espera de melhores momentos ou melhores acções que possam, de facto, tirar-nos dessa situação que nós temos”, concluiu.
Nas zonas-tampão que rodeiam os parques, vivem mais de 500 mil pessoas em 504 comunidades em todo o país.