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Elas venceram, mas tinham tudo para dar errado

Qual criador do tal e qual sem igual, Nazir “Nelito” Salé, seleccionador nacional, desafiou os mais cépticos, levando para o “Afrobasket” do Mali quatro “rookies” – estreantes –, num cenário de adversidades qual preparação sem estágio pré-competitivo fora do país e jogos de controlo a sério. Pasme-se(!). Moçambique chegou ao palco da competição no mesmo dia em que defrontou a Nigéria, campeã africana.

Era uma sexta-feira. 18 de Agosto. Órfãs de melhores condições de treinamento, mas destemidas, as “Samurais” deixaram a pele em campo e, no final, perderam por 80-69 com uma equipa que estagiara nos EUA.

Ainda assim, no registo e estatísticas, ficam três períodos de grande nível (21-19, no primeiro quarto; 18-16, no segundo quarto; e 21-21 no quarto) colocaram as nigerianas em sentido! Feitas as contas, a selecção nacional apresentou-se com 21 porcento de aproveitamento na linha dos 6.25 metros (quatro lançamentos certeiros em 19 tentados); 80 porcento de aproveitamento na linha de lances livres (21 lançamentos convertidos em 26 tentados); 31 ressaltos (dos quais 14 ofensivos e 17 defensivos) e 15 “turnovers”. Dia seguinte, novo teste de fogo: Senegal. Nova derrota diante das vice-campeãs africanas por 76-67, num jogo em que Anabela Cossa esteve em destaque ao contabilizar 16 pontos, três ressaltos e igual número durante os 36:07 minutos em que esteve na quadra.

A “boxe” score indicava: média de 33.3 porcento nos lançamentos exteriores (cinco lançamentos certeiros em quinze tentativas); 61.5 porcento nos lançamentos livres (dezasseis lançamentos convertidos em vinte e seis tentados); trinta e seis ressaltos – 15 ofensivos e 21 defensivos –, sete assistências e dezasseis “turnovers” (perdas de bola). Moçambique estagiava, assim por dizer, na prova.

E ao terceiro dia… a primeira vitória. Outra vez, Leia “Tanucha” Dongue foi a melhor cestinha com 18 pontos, para além de ter colectado sete ressaltos.

Com oito lançamentos convertidos em tentados, Moçambique obteve uma média de 26.67 porcento nos tiros exteriores, 58.33 porcento na linha de lances livres (14 lançamentos convertidos em 24 tentados), cinquenta ressaltos (21 ofensivos e 29 defensivos), 22 assistências e 12 perdas de bola.

Veio, depois, a RDC e… nova vitória que nos assegurava  (52-42) o apuramento.

Porque, no outro grupo (A), Angola colocava-se em boa posição para terminar em primeiro lugar – fruto de três vitórias consecutivas –, a selecção nacional, estrategicamente, perdeu na quarta jornada com o Egipto (91-70) de modo a terminar na quarta posição no grupo “B” e evitar o cruzamento com o Mali nos quartos-de-final mas sim Angola, líder.

Aposta ganha. Nos quartos-de-final, a selecção nacional soube sofrer no primeiro quarto diante das angolanas, etapa do jogo na qual perdeu pelo parcial de 16-6.

Lideradas por Leia “Tanucha” Dongue, jogadora que arrancou um duplo-duplo – 27 pontos e 14 ressaltos- Moçambique fez dois períodos de grande nível e, contra todas as expectativas, qualificou-se para às meias-finais da competição ao derrotar Angola por 61-47.

Uma vitória especial, diga-se, se tivermos em linha de conta a rivalidade entre as duas equipas. Mas há mais: há, no seio dos moçambicanos, uma espinha que atravessa a garganta até porque em 2013 as angolanas derrotaram-nos na final do “Afrobasket” por 64-61.

Nas meias-finais, sábado, saiu-nos a melhor equipa da competição: Senegal.

Um primeiro quarto bem conseguido, no qual perdemos pelo parcial de 20-19, alimentou o sonho de uma qualificação para a final do “Afrobasket” quatro anos depois.

Mas quem tem Astou Traore, MVP da prova, tem qualidade. Com 22 pontos e quatro ressaltos, Traore, não a Aya, foi determinante para a vitória do Senegal por 72-52.

As senegalesas lideram em todos os períodos do jogo com os parciais de 20-19, 24-11, 12-10 e 16-12.

Domingo, no jogo de atribuição do terceiro lugar, nova derrota. Moçambique, com algum desgaste físico, perdeu com o Mali por 75-52. As malianas, que apostaram tudo neste jogo até para honrarem a organização da prova, comandaram a marcha do marcador nos quatro períodos: 21-12, 20-13, 21-12 e 20-8.

 

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