O Estado, empresas públicas e privadas devem mais de USD 100 milhões à Eletricidade de Moçambique (EDM) devido a facturas de energia não pagas. A EDM diz que as dívidas afectaram as contas durante o ano passado.
A informação foi confirmada esta terça-feira (29) pelo administrador de eletrificação e projectos da EDM, Joaquim Ou-chim, durante a visita de trabalho efectuada pela Comissão de Plano e Orçamento, da Assembleia da República.
Na ocasião, a fonte disse que, no exercício económico 2021, a empresa registou ganhos consideráveis, tanto a nível de novas ligações, bem como no aumento da capacidade.
Durante a apresentação, um dos administradores da EDM, avançou que “o plano de execução de novas ligações foi cumprido em 102,5%”.
Nhassengo disse ainda que “2021 foi um ano histórico, pela primeira vez a EDM alcançou a cifra das 300 mil novas ligações”.
No mesmo ano, “a taxa de acesso à Rede Eléctrica Nacional passou de 35% em 2020 para 39% em 2021”.
No entanto, a EDM ainda reclama de instituições que usam energia sem pagar. Das empresas públicas, passando pelas participadas pelo Estado até às privadas, houve durante o ano passado, algumas que não pagaram as suas facturas pelo consumo de eletricidade o que criou um prejuízo de cerca de 6.3 mil milhões de Meticais à Eletricidade de Moçambique.
“São várias as empresas e temos que perceber que algumas delas tiveram problemas financeiros, primeiro por conta da crise financeira que se viveu no passado, depois a COVID-19, mas como eu disse, o mais importante é que temos estado a negociar com essas instituições para poderem fazer o pagamento da dívida”, disse Joaquim Ou-Chim, Administrador de eletrificação e Projectos da EDM.
Como consequência disso, aliando aos recorrentes roubos de energia e vandalização, a empresa acabou por somar dívidas com seus fornecedores.
“Em 2019 era cerca de 400 milhões de dólares, mas agora estamos em torno dos 150 milhões de dólares, que é maioritariamente relacionada à aquisição de energia eléctrica e temos pautado, pelo pagamento para podermos liquidá-la”, afirmou.
Para além das dívidas, a instituição ainda debate-se com a questão dos roubos de energia, através de ligações clandestinas, adulteração de contadores, males que prejudicam muito o funcionamento da empresa. Para reduzir prejuízos, a empresa toma algumas medidas, como:
“Instalação de Centros de Controlo de Medição para monitorar o consumo dos grandes clientes; Geo-referenciamento de clientes por Posto de Transformação; Substituição de contadores pré-pago Integrado por Split; Realização de inspecções a clientes; Auditoria aos sistemas de medida dos clientes de grande consumo e Realização de palestras de sensibilização dos clientes para a não vandalização de infra-estruturas eléctricas, nem roubo de energia eléctrica”, lê-se na apresentação.
O mesmo documento apresenta alguns resultados dessas acções, a destacar:
“Instalados cerca de 17 mil contadores inteligentes em clientes de grande consumo; Realizadas 792.685 inspecções a clientes; Facturados cerca 559 milhões de Meticais de energia recuperada e foram realizadas 8 palestras presenciais de engajamento comunitários”.
O presidente da Comissão de Plano e Orçamento, António Niquice defende mudanças nos procedimentos da EDM juntos dos seus clientes, com a finalidade de ter recursos suficientes para cumprir com a sua missão.
“Nós recomendamos que a empresa possa projectar, com maior brevidade, um plano de negócios que visa garantir a sua sustentabilidade, com relação às dívidas que tem com os fornecedores, mas também as que tem que reaver, pois a finalidade de empresas do Estado é de prover recursos”, referiu-se António Niquice, Presidente do CPO.
Os outros membros da CPO instaram à administração da EDM a pautar pela qualidade na prestação de serviços ao público, tanto na qualidade da energia, bem como na resposta às suas preocupações (linha de emergência – Piquete).
Os gestores falavam no âmbito da visita da Comissão de Plano e Orçamento à EDM, esta terça-feira, com o principal objectivo de se inteirar sobre os trabalhos em curso para o aumento das taxas de acesso e cobertura da rede nacional de energia.